França ou Argentina? Messi ou Mbappé?

Amigos,

As duas perguntas acima, para os brasileiros, não retratam a realidade. Estou absolutamente impressionado com a magia, por que não dizer, reverência, reconhecimento, cumplicidade, talvez até idolatria geral, pelo gênio argentino.
Não fosse Messi, em função da rivalidade eterna entre “nosotros y los hermanos”, em cada mil brasileiros, pelo menos novecentos torceriam pela França. Messi mudou tudo. Estou impressionado com a quantidade de torcedores brasileiros que afirmam em alto e bom som que torcerão por Messi.

Se dermos uma paradinha para avaliar o que está ocorrendo, será fácil constatar que, para início de conversa, o povo brasileiro é romântico, sensível e justo. Na sua complicada e difícil decisão, o brasileiro identifica o último romântico do futebol, fruto de sensibilidade apurada e em sintonia fina com o sentimento de justiça. Messi, em última análise, é o mocinho do filme que não pode morrer no final.

Embora o tema seja pessoal e familiar, quero desabafar com vocês a enorme “saia justa” que o destino me pregou. Tenho quatro adoráveis enteados, – tenho horror desta palavra. Pior só padrasto – todos franceses, que acabaram de chegar e, claro, juntos veremos a decisão da copa. O meu filho de quatro patas, cujo nome é Messi, que completará no dia doze de fevereiro dez anos, é a materialização da minha paixão por este jogador genial e, de certa forma, fator decisivo para um melhor entendimento sobre minhas reações durante o jogo.

Comentei o meu “problema” com alguns amigos e foram várias as sugestões.
“Vá ver o jogo no seu quarto, sozinho”. Não gostei, pois seria uma indelicadeza.
“Descubra onde os franceses vão ver o jogo e faça uma reserva para eles”. Da mesma forma, indelicado. Seria como colocá-los para fora da casa que também é deles.
“Veja o jogo calado, sem expressar qualquer emoção”. Como? E se Messi mete um gol?
“Combina com Adão (gerente do Borgo Locanda, na serra) que sua cabaninha está pegando fogo. Vá pra lá e, depois, diga que não há como voltar, pois, a bateria do carro arriou”. Mentira tem perna curta. Arranjaria outro problema… péssima ideia.
“Tome um porre, acorde com ressaca e não saia do quarto.” Só tomei um único porre em toda minha vida e, além das lambanças que fiz, detestei a experiência.
Enfim, até agora nada tenho programado. Só fica o “dever de casa” de que preciso ser gentil com eles sem abrir mão, sem aviltar minha paixão que, a exemplo de tantos brasileiros, está sedenta para que não seja cometida mais uma colossal injustiça no futebol.

Zico não conquistou uma Copa. Isto me maltrata até hoje. Aquele jogo no Sarriá foi o meu mais triste dia no futebol. Zico, gênio como Messi, não merecia aquele perverso castigo.
Que neste domingo os Deuses do futebol, que estavam de folga na Copa de 82, estejam de plantão e atentos. Por uma questão de justiça…