Marcelo Cortes

“Me explico?”

Esta indagação, tão utilizada pelos hermanos argentinos, é meio que única e para lá de pragmática.

O tema é o treinador Paulo Sousa que, apesar da vitória com autoridade sobre o São Paulo, ainda é questionado por quantidade significativa de torcedores do Flamengo. Quem se dispuser a dar uma olhadinha nos comentários do nosso blog concluirá que o fato é verdadeiro.
A minha análise é simples. Paulo Sousa, que foi um bom jogador, se vier a conseguir dominar a vaidade que assola quantidade significativa dos treinadores mundo afora, pode consolidar a sua carreira, pois tem passado nas quatro linhas, é apaixonado pelo que faz, tem bom nível cultural e bom poder de comunicação. Não sei como é a relação dele com os jogadores. Se interage bem ou não. O que já concluí é que precisa colocar a vaidade de lado e entender, definitivamente, que, o interesse do Flamengo não pode correr qualquer tipo de risco.

A vaidade sobre a qual me refiro é aquela em que o sujeito começa a acreditar que há situações que só ele vê, ou seja, que é tão genial a ponto de perceber o que a população da China, trajada de vermelho e preto, beirando à ignorância, jamais sacaria…

Por isso, nesta partida de domingo jogou Hugo, quando o óbvio era Santos ser escalado.
Por isso, Éverton Ribeiro foi transformado em ala pela esquerda, quando o mundo inteiro sabe o quanto rende como “formiguinha” que joga com a 7, pela direita.
Por isso, Gabigol foi tirado das proximidades da área, distante de Bruno Henrique, jogando quase como ponta direita.
Por isso, Filipe Luís foi transformado em zagueiro.
Por isso, Bruno Henrique, atacante nato, foi transformado em ala.
Por isso, Marinho, consagrado pelo que produz pela direita, tenha sido escalado torto, pela esquerda.
Por isso, Rodinei e não Isla, titular de uma seleção.
E por aí vai…
Experiências que entendo como “pardalismo”, ou seja, fruto da vaidade, da invencionice, que nos custaram dois títulos, um deles, o Campeonato Carioca, o mais fácil da nossa história. Um tetra inédito jogado no lixo.

O desejo de qualquer torcedor do Flamengo é que este tipo de vaidade, que compromete o real interesse do clube e de sua torcida, tenha sido sepultada no Maracanã, neste domingo de Páscoa.
Que a vaidade do nosso treinador, daqui para frente, fique restrita ao seu visual, com a gola da camisa levantada, como gostam os italianos. Aí, nenhum problema…

“ME EXPLICO?”