Esperança

Há jogos em que você tem a sensação de saber o que vai acontecer, independente do seu estado de espírito. Algumas vezes, por pura intuição, outras baseado em algo concreto. Ontem, às 4 da tarde, sentei em frente à televisão com o sentimento de que novamente veria um time do Flamengo limitado tecnicamente, mas brigador e inteligente. E foi o que aconteceu. Intuição? Não, conclusão, após ouvir, no meio de semana, de Vanderlei Luxemburgo, não só uma análise perfeita sobre elenco e momento do Flamengo, como e, principalmente, sabedoria para encontrar uma saída honrosa com o material humano que tem ele à disposição.

Evérton, autor do gol da vitória. (foto de Heuler Andrey/Getty Images)

Evérton, autor do gol da vitória. (foto de Heuler Andrey)

Recentemente, pagamos o maior mico da história do futebol brasileiro pelo fato do nosso treinador não ter tido uma leitura precisa do material humano que dispunha. Pior, foi induzir nas pessoas a certeza da vitória, com a afirmativa de que tínhamos sim a obrigação de ganhar a Copa do Mundo. Ao contrário de Felipão, Vanderlei adequa o time que tem, e a necessidade de resultados imediatos, à forma de jogar. Claro que entendo e aplaudo quando nosso escribas falam em futebol bonito, ofensivo, em futebol arte etc. Só que, no momento, isto em termos de Flamengo é utopia. O que ouvi de Vanderlei me animou tanto que, pela primeira vez nos últimos jogos, liguei a televisão com otimismo e esperança. Não de uma grande atuação e, sim, achando que poderíamos ganhar os primeiros três pontos fora de casa. E, a menos que algumas caras novas surjam para dar mais qualidade ao time, muito melhor jogar fechadinho, sabedor dos seus limites, do que imaginar o que não se pode e acabar caminhando para o abismo.