Recordar coisas boas, é viver de novo…

Em 2005, a correria, faltando nove jogos para terminar o Campeonato Brasileiro, era para permanecer na primeira divisão. A coisa estava feia e, os matemáticos de plantão, diziam que a possibilidade do Flamengo cair era de 93%. O final do filme todos sabem e esta história já foi aqui contada. Em 2006, começou na realidade todo o trabalho que culminaria na conquista do Campeonato Brasileiro de 2009 e, que ninguém tenha dúvida, foi um início com muitas dificuldades.

Com um elenco mediano, e um time de médio para bom, que teve a virtude de, sabendo das suas limitações, jogar com inteligência, acabou chegando à final da Copa do Brasil e, contra o Vasco.

Dois detalhes jogaram a nosso favor. Primeiro, a contratação de Ney Franco, após o Flamengo ter eliminado o Ipatinga, na semifinal, quando empatamos lá (1 a 1), e vencemos no Maracanã, numa noite de muita inspiração de Renato Abreu, pelo placar de 2 a 1. Ney, que conseguiu no modesto Ipatinga ser durante dois anos consecutivos, campeão e vice-campeão mineiro, teve mais de um mês para armar o time para a final da Copa do Brasil, pois, em função da Copa do Mundo, houve uma paralização longa, entre a semifinal e a final.

Na excursão ao Norte/Nordeste, o time foi montado, e a novidade foi Renato Augusto. Ney havia relacionado 22 jogadores para a excursão. Pedi a ele que incluísse mais um, pois como sempre acompanhava o time de juniores, via no nosso garoto camisa 10 um enorme potencial. Ney topou e, o final da história todos conhecem.

Mais uma vez ficou provado que não existe, em clube, o esquema tático perfeito. O que importa é aplicar o esquema em função do material humano que se dispõe. Como tínhamos as nossas limitações, Ney montou um time com três zagueiros, povoou o meio de campo, liberou os laterais e, na frente, pelo menos começando cada jogo, só Luizão.

No primeiro jogo (ver melhores momentos no vídeo acima), dia 19 de julho, o time foi: Diego; Léo Moura, Renato Silva (Obina), Fernando, Ronaldo Angelim e Juan; Jonatas, Toró, Renato Augusto e Renato Abreu (Rodrigo Arroz); Luizão.  O Vasco tinha um bom time, bem ofensivo, onde Ramon e Edílson eram os destaques. Obina entrou no início do segundo tempo, substituindo o zagueiro Renato Silva, que saiu contundido. No seu primeiro lance, Obina fez um golaço, pegando de primeira e a bola foi parar embaixo de onde a “coruja dorme”. Isto, aos 14 minutos. Três minutos depois, em lindo cruzamento de Leo Moura, Luizão, de cabeça, fez 2 a 0. Dois gaúchos apitaram os dois jogos finais: Leonardo Gaciba, o primeiro, e Carlos Eugênio Simon, o segundo. Nesta primeira decisão, a nossa diretoria prestou singela homenagem, antes do jogo, à bela bandeirinha Ana Paula Oliveira que, posteriormente abandonaria a profissão, perseguida (esta “perseguida” não é a do Ancelmo) por um covarde movimento machista.

Ney Franco, que ganhou a primeira, saiu pregando humildade, e Renato Gaúcho, treinador do Vasco, prometendo forra para a quarta-feira seguinte.

Na segunda partida (assista aos melhores momentos aqui), o time do Flamengo jogou com: Diego; Léo Moura, Renato Silva, Rodrigo Arroz, Fernando e Juan; Jonatas, Toró (Obina), Renato Abreu e Renato Augusto (Peralta); Luizão. Aos 27 do primeiro tempo, Juan, em lindo gol, fez 1 a 0 para o Flamengo, e este foi o placar final. Loucura no Maracanã. A novidade ficou por conta do vestiário, que foi aberto para a imprensa sem qualquer restrição. O Brasil inteiro viu, ao vivo e a cores, como quem veste o “Manto Sagrado” comemora título.

Desculpem se fui nostálgico. Queria dividir com vocês…

Sei lá, mas tenho uma leve intuição de que ainda vamos ter muitas alegrias neste ano. Que amanhã chegue logo… Todos ao Maraca…