Gilvan de Souza

Parquinho de diversão

A relação entre dirigente e jogador, para dar certo, está diretamente ligada a um componente definitivo: confiança!
Não há sequer a necessidade de um relacionamento afetivo. Havendo respeito, justiça e coerência, o resultado será a confiança recíproca.
Claro que, como somos seres humanos, haverá sempre a possibilidade de, em função da afinidade, surgir a amizade, a camaradagem. E isto não é ruim.

Esta relação vai muito para o lado familiar, onde para ser bom pai não é preciso se render às vontades do filho. Toda decisão, para ser tomada, deve ser discutida e esta “guerra” só se ganha – e sem arranhões – com bons argumentos.

A sensação que tenho é a de que dirigentes, e jogadores, estão completamente distantes do real e perigoso momento pelo qual o clube está passando.
Como é que o Flamengo joga no domingo contra o Atlético e, ao invés de permanecer em Belo Horizonte para o jogo de quarta, contra o mesmo Atlético, pela Copa do Brasil, retorna ao Rio, para na terça-feira já embarcar de volta para Belo Horizonte?

Tão grave quanto esta logística descabida, o fato de, em momento tão delicado, não se aproveitar a segunda-feira para trabalhar. Para quem não sabe, hoje é dia de folga geral para o elenco.
Antes que alguém argumente que, em função dos próximos jogos, o time ficará fora do Rio por uma semana, respondo, sem pensar muito: e daí?
Os jogadores fazem o que mais amam, que é jogar futebol. Em momento delicado, com uma série de dúvidas e indefinições com respeito ao que vem pela frente, onde corremos riscos nas competições eliminatórias e, pior ainda, não classificar para a próxima Libertadores, o espírito que reina, infelizmente, é antagônico a quem precise dar a volta por cima.
Ao invés de folgar nesta segunda-feira, o dia deveria ser de trabalho e, o desgaste destas viagens poderia ser evitado com a permanência na capital mineira.

Já passei por isso. Em 2005, se todos não estivessem imbuídos em colocar como prioridade evitar a vergonha de cair para a segunda divisão, a vaca teria ido para o brejo…
O primeiro passo, com todos de acordo, começou pela concentração permanente na Granja Comary, que só foi desativada com o gol de Obina, contra o Paraná, em Curitiba. Se o espírito não tivesse sido de superação e sacrifício, o torcedor do Flamengo teria perdido um de seus maiores orgulhos, qual seja o de nunca ter sido rebaixado.

Que dirigentes, comissão técnica e jogadores acordem!!!
O momento não pede este tipo de comportamento.
Parquinho de diversão, seja lá qual for, só depois do dever bem cumprido.