País de merda?

Uma das muitas homenagens prestadas a Jaime Gold hoje na Lagoa(Foto: Márcia Foletto)

 (Foto: Márcia Foletto)

Acredito que não haja uma pessoa razoavelmente esclarecida no Brasil, que não tenha tomado conhecimento da tragédia anunciada, ocorrida anteontem na Lagoa Rodrigo de Freitas, aqui no Rio de Janeiro.

Está circulando na internet o depoimento comovido de autor desconhecido.


Jaime era médico e trabalhava em hospital universitário. Atendia a população pobre, num hospital em ruínas porque acreditava na educação médica de qualidade como instrumento importante para melhorar a qualidade de vida das pessoas. Morreu porque desafiou a realidade atual, de total abandono, onde o criminoso é tratado como vítima dos 500 anos de colonização errada… Balela.
Não, Jaime não terá cruzes na praia de Copacabana,.
Não, nenhum favelado vai tacar fogo em ônibus nem fechar com barricadas a curva do Calombo, onde Jaime foi covardemente atacado.
Não, Dilma não ficou estarrecida e sequer vai ligar para a família de Jaime para uma palavra de conforto.
Jaime, cidadão brasileiro, pagava seus impostos em dia.
Jaime sou eu, é você. Jaime somos todos que antes desconfiávamos, mas agora temos certeza, que esse país deu totalmente ERRADO.
País de Merda.


Gostaria de debater o tema, a começar pelo final do depoimento do autor desconhecido que, ante tanta decepção, classifica o Brasil como “País de Merda”. Há no ar um outro tipo de comoção, com a revolta popular ante a roubalheira monumental e descarada na Petrobrás. Em ambos os casos, se há alguma coisa para se “qualificar” como merda, não é o país, e sim, o povo. Até porque, as ações criminosas nos dois casos foram desenvolvidas por seres humanos, todos nascidos aqui e, pior do que isso, está exatamente no comportamento do nosso povo diante das duas situações. Vejo na passividade do povo brasileiro o seu grande problema. No caso da Petrobrás, com a roubalheira noticiada aos quatro ventos mundo afora, a presidente da empresa, responsável maior por tudo que lá acontecia, só foi ser demitida meses depois. Onde é que no mundo ocorre um tipo de escândalo deste tipo e, o principal mandatário fica meses ainda no cargo, como se nada tivesse acontecendo? Alguém reagiu? Alguém protestou?

Agora, no bárbaro assassinato deste médico, adorado por todos os amigos, como a sociedade reagiu? Indignação? Ora, indignação é nada para quem pretende que a mentalidade neste país seja modificada. O nosso governador Pezão, por quem tenho admiração e respeito, vai para a televisão e diz que o judiciário tem sua parcela de culpa, pois a polícia prende e o judiciário solta. O representante do judiciário responde, afirmando que num ponto estratégico para a imagem da cidade, a segurança é pífia, daí a tragédia ocorrida. Quem tem razão? Os dois! Aliás, quem não tem razão? Os dois!!! A verdade é que, realmente a polícia prende e o judiciário solta, da mesma forma que ninguém se sente seguro nesta cidade.

Pode ser que esteja eu enganado, mas enquanto a sociedade não tiver uma postura mais firme, mais corajosa, ousada até, nada vai mudar. Esperar todas as soluções por parte do poder público, convenhamos, é acreditar em Papai Noel e na gata Borralheira… Vivemos numa situação em que as pessoas de bem não andam armadas. Só os bandidos… Desigual, não? Injusto, não?

Como ando quase que  diariamente de bicicleta na Lagoa e, não pretendo, por covardia, abrir mão deste saudável direito, vou procurar o Dr. Michel Assef, criminalista de primeira linha e extraordinário rubro-negro, para saber dele que providências podemos tomar para que, o mais breve possível, dentro da legalidade, possa eu  dar as minhas duas voltas diárias de bicicleta na Lagoa, portando no coldre, uma eficaz pistola, um 38 ou uma 45… Talvez esteja aí a explicação para o fato do povo americano, em hipótese alguma, abrir mão do direito de portar uma arma, baseado no sagrado direito de defesa.

O Brasil é um país de merda ou, o Brasil é um país de frouxos?