Respondendo ao Julieverson

O nosso companheiro Julieverson, certamente em função do que aconteceu na última eleição no Vasco da Gama, puxou o tema para discussão, meio que, querendo saber qual é a fórmula ideal para ser adotada nos clubes e, querendo entender a diferença entre torcedor e sócio.

Certa vez, estava eu sendo entrevistado no programa de TV que era comandado pelo querido José Carlos Araújo, quando lá pelas tantas, um jovem rubro-negro, que fazia parte do quadro ‘”repórter por um dia”, e que afirmara ter o sonho de um dia ser presidente do Flamengo, me perguntou o motivo de, na política rubro-negra, as caras serem as mesmas, embutindo na pergunta a crítica que era óbvia, pregando uma renovação no quadro de dirigentes. Ouvi e, disse que iria responder com uma pergunta a ele e, sapequei: “Você é sócio?”. Ato contínuo, veio a resposta: “Não!”. Quase não precisei mais falar e, como num passe de mágica, o assunto passou a ser outro.

Como muito bem colocou no post anterior o nosso amigo Julieverson, torcedor é torcedor, sócio é sócio. Ou seja, o torcedor tem como princípio torcer. O sócio, de participar da vida do clube.

Graças aos meus pais, sempre entendi o quão era importante contribuir e participar da vida do Flamengo. Minha carteirinha de sócio, que ainda tenho (imagem abaixo), é de 1965, portanto, são mais de 50 anos como associado à paixão da minha vida. Naquela época era eu sócio patrimonial e, o número do título não esqueço nunca: 6654.

Respeito todas as campanhas de marketing que vendem vantagens para alguém ser sócio de um clube, mas não abro mão em afirmar que nunca haverá vantagem maior do que, mesmo modestamente, você estar contribuindo para a consolidação da sua paixão e, além disso, adquirindo o direito de ter voz ativa, através do voto.

Qual é o melhor sistema? Há controvérsias, reconheço, mas o que é praticado no Flamengo é extremamente democrático e, para não dizer que é perfeito, acho que o processo eleitoral deveria ser mais curto, com as chapas sendo inscritas em data próxima à eleição, fato que não ocorre hoje, quando as chapas são apresentadas no meio do ano, e as eleições acontecem no mês de dezembro. Período muito longo que, em ano eleitoral, acaba mais dividindo do que somando.

De qualquer forma, a eleição no Flamengo é direta, o que me parece saudável e democrático. O outro formato, como o que se viu recentemente no Vasco da Gama, embora tenha ocorrido pela primeira vez, dá margem a que uma minoria decida de forma diferente do que todo quadro social optou. Como a bíblia de um clube é o seu estatuto, certo ou errado, deve se cumprir o que está escrito. Desta forma, sem discussão, Alexandre Campello é de fato e de direito o presidente do Vasco da Gama.

Outro tema polêmico diz respeito à duração do mandato. Na minha época, no Flamengo, o mandato era de dois anos. Depois, o Conselho Deliberativo entendeu que deveria ser de três. O argumento de quem defendia a tese de que dois anos era o ideal se baseava no fato de que, se o presidente não fosse bom, lá não permaneceria por muito tempo.

Já quem sempre defendeu o mandato de três anos, tem como argumento principal o fato de que, sendo o mandato de dois anos, o presidente eleito, após o primeiro ano, já encara no ano seguinte um ano eleitoral e, não há como negar que este seja um baita argumento. Para o bom andamento do clube, não tenho nenhuma dúvida de que o mandato de três anos seja muito mais produtivo.

Para encerrar, deixo aqui o meu fraterno abraço, de reconhecimento e gratidão, aos sócios rubro-negros que não residem no Rio de Janeiro. Esta é uma prova inconteste de amor ao clube. Dar, sabendo que nada ou, muito pouco, terá em troca. Isto é amor!!!