Fernando Alves/ECJ

Bola, urna e SAF

Juventude 2 x 1 Flamengo

Vamos começar pela bola. A derrota para o Juventude, de cara, tem que ser creditada a este absurdo calendário.
Ia criticar a CBF. Apaguei. Ela poderia ser até contrária a esta Copa América que mata o mais importante campeonato do continente, que é o Campeonato Brasileiro, porém, lembrei que os cinco titulares absolutos do Flamengo, que foram desfalques neste jogo contra o Juventude, não falam a nossa língua.
Esta é uma análise justa, porém, parcial. No fundo mesmo, embora a Copa América seja discutível, não fosse pelo calendário de responsabilidade da CBF, que privilegia os estaduais, não estaríamos aqui falando de Flamengo x Juventude, pois o Campeonato Brasileiro estaria paralisado.

Achei que iríamos bem. Após o gol de Pedro, fomos perdendo as rédeas do jogo. Infantil o gol de empate. Falta boba, sem necessidade, de Léo Pereira. Daí o cruzamento e o gol.
Que este jogo tenha deixado de forma bem clara que, por enquanto, Arrascaeta e De la Cruz, não têm substitutos. Com o que temos, pode ser… pode ser, que bem mais na frente.
Nosso goleiro foi o destaque, disparado, do jogo. Na narração, foi comparado ao goleiro do Juventude. Comentário injusto, pois o do Juventude bobeou no nosso gol.
Rossi foi, simplesmente, perfeito. Quase milagroso…

Agora, vamos a um tema, não tão agradável quanto uma bola rolando, porém, decisivo para que, ao longo da vida, seja motivo de felicidade eterna para quem tem paixão pelo Flamengo.

O momento rubro-negro é um somatório de três itens: eleição, estádio e SAF.
Eleição fica por conta do julgamento de cada um de nós sobre quem venha ser a melhor opção para comandar o clube.
O estádio pode ser dividido em duas etapas. A primeira, definir e comprar o terreno e, a segunda, a engenharia financeira para a construção. O Flamengo tem recursos próprios para comprar o terreno pelo valor que a prefeitura sinaliza e tem grandeza necessária para alavancar recursos que garantam a construção.
O que aqui estou colocando é fruto de informações absolutamente seguras.
Há quem seja de opinião de que a casa do Flamengo é o Maracanã, onde por mais vinte anos teremos todas as garantias, comandando o “ex-maior do mundo”.
Há, também e, não é pouca gente, quem sonha em ter o estádio que possa chamar de seu.
Como informação, a estratégia seria a de ter um estádio próprio, com o Maracanã seguindo administrado pelo Flamengo ou não, sendo palco obrigatório dos clássicos estaduais em qualquer campeonato, além de abrigar o Fluminense, sempre, e o Vasco, uma vez ou outra.

Até aqui tudo vai bem e perfeitamente discutível. A escolha do novo presidente e como percorrer a estrada para o sonho do estádio.
A terceira etapa é, a bem da verdade, a única que mete medo. Vale a pena vender, por menor que seja, um pedaço do Flamengo?
Quem manifestar interesse em comprar, por via direta ou por um longa mano, não abrirá mão de dar as cartas, de comandar, de ser o dono. Aí é que mora o perigo. Conflito absurdo de interesse, onde o vil metal passará a ser o objetivo primordial, pensamento que passa ao largo de quem é Flamengo de verdade.
Como vejo o Flamengo com grandeza semelhante ao do Real Madrid – até porque a nossa torcida é do tamanho da população da Espanha – que abomina a possibilidade de SAF, abomino igual, porém, como avesso a qualquer radicalismo, me curvei a uma iniciativa de brilhantes cabeças pensantes rubro-negras, que imaginaram documento que será encaminhada ao conselho deliberativo, pugnando por reforma estatutária com dois objetivos definidos:

1- Se algum dia houver a discussão se o Flamengo se curvará a ser SAF, que a decisão seja da Assembleia Geral, ou seja, de todos os sócios do clube.
2 – Que para a proposta ser aprovada, três quartos (3/4) do quadro social devem estar de acordo.
Como diz o grande rubro-negro Carlos Peixoto, “3/4 aprovando, o errado sou eu”…

Felizmente, pelo que tenho conhecimento, não há nenhum dos candidatos que não apoie a modificação estatutária que está sendo encaminhada. Os desencontros são “técnicos”. Como exemplo, Rodrigo Dunshee, um dos candidatos, entende que deva ser abolida a necessidade do sócio proprietário encaminhar e-mail dizendo ter interesse em ser conselheiro. Isto abolido, todo sócio proprietário seria membro do Conselho Deliberativo, cabendo a este poder decidir a questão.
Eduardo Bandeira de Mello, ex-presidente e – quem sabe – futuro candidato, entende a tese de Rodrigo Dunshee, mas prega para decisão tão importante, também, as participações dos sócios off- Rio.
Soube que Luiz Eduardo Batista, o BAP, vai reunir seu grupo para deixar claro que não joga no time da SAF.
Boa notícias, não? Todos, vendo o Flamengo como deve ser visto e sentido.

Em última análise é uma medida protetiva aos interesses do clube, e, por tabela, aos seus apaixonados torcedores, verdadeiros donos da maior paixão popular deste país.