(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

Rescaldos da eliminação

Independente da nossa pouca força ofensiva – em que os atacantes não atacam e não fazem gols – não há como não se concluir que, infelizmente, o nosso ótimo goleiro Diego Alves não esteve em uma noite feliz.

No primeiro gol, sei lá, mas com jeitinho dava para defender. Talvez, falta de sorte… Já o segundo gol, há nele uma história embutida e, até agora, não contada.

Fato é que, em determinado momento, Diego Alves acusou um problema muscular e, pela imagem, imaginei que o nosso goleiro seria substituído, pois se há uma contusão traiçoeira, em que não adianta se insistir, é a muscular. Aí, me deparei com uma cena pouco comum, quando o médico do Flamengo, Dr. Tannure, começou a enfaixar a coxa de Diego Alves.

Se o treinador já tivesse realizado todas as alterações, seria até natural o procedimento, porém, em se tratando de contusão tão séria, por que não substituir? Radamés e Haroldo Couto, que estavam ao meu lado, argumentaram que era para não abrir mão de Diego Alves, pois o jogo poderia terminar empatado e, como se sabe, ele é um baita pegador de pênaltis. Argumentei que, apesar de poder ser esta a explicação, não era racional, pois para se pegar pênalti, explosão muscular seria necessária e, como fazer isto com músculo da coxa baleado?

Não demorou muito, gol do Corinthians. A bola era defensável, pois foi chutada de longe. Ficou em mim a sensação clara de que Diego Alves não chegou na bola em função do problema muscular. Erro grosseiro de avaliação, onde três erraram. O goleiro, o médico e o treinador. Vocês estão lembrados de que antigamente, muito antigamente, quando não era possível se substituir um jogador, quando havia um problema muscular, onde era colocado o jogador contundido? Acertou quem imaginou a ponta esquerda. No gol, jamais, pela importância decisiva da posição. Erramos feio.


(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

. Será que não deu até agora para que se perceba que, infelizmente, não temos NENHUM atacante com um mínimo de competência? As contratações para o setor foram pavorosas. Juntem Marlos Moreno, Ceifador, Uribe, Lincoln e Berrío, não dá um atacante. Não incluí Vitinho nesta relação, pois, embora não valha um quinto do que o Flamengo pagou, ganhando moral, ainda pode ajudar.

Este caso dos atacantes é muito parecido com a situação de uma empresa que vem apresentando prejuízo ao longo do tempo e, ao invés de concluir que é melhor entubar e estancar o preju, continua acreditando em milagre, insistindo e o prejuízo aumentando. Este é o nosso caso. O Corinthians tem problema igual. A diferença é que desistiu de jogar com 10 e, no improviso vai se virando. Ver o Ceifador escalado e Vitinho, o homem de 45 milhões de reais, no banco, é de doer.


(Foto: Gilvan de Souza / Flamengo)

. Outra coisa: Não é o fato de se jogar com mais atacantes que vai fazer com que um time esteja mais próximo de fazer gol. Para o atacante entrar em ação, a bola, obrigatoriamente, tem que passar pelo setor de meio campo. Digo isto para criticar as alterações, onde o Flamengo perdeu o meio campo e, consequentemente, o jogo. Este é o momento em que falta um mínimo de experiência ao nosso eterno estagiário. Experiência aos 36 anos e, sem nunca ter jogado, convenhamos, é querer demais, é dar muita sopa para o azar…

O companheiro Jorge Abel, do “Esporte 24 horas”, me entrevistou e, lá pelas tantas perguntou se eu demitiria o Barbieri. Respondi que jamais o demitiria, na medida em que jamais o teria efetivado. Repito que, nada pessoal, nada contra ele, apenas conceitual, pois o Flamengo deve ter sempre um treinador compatível com o seu tamanho. Cuca e Abel deram sopa e, sequer, procurados foram. Muita incompetência…

. O noticiário dá conta de que os atuais dirigentes estão avaliando se demitem Barbieri, ou não. Agora ficou realmente difícil, pois não há no mercado alguém de peso e, sem esquecer que daqui a dois meses teremos as eleições. O ideal seria o treinador pedir o boné, pois assim o parto seria normal e, a sequência do brasileiro sem traumas.

Conseguir um interino para substituir o estagiário não seria missão das mais difíceis, até porque, só faltam doze jogos para o fim do campeonato. De qualquer forma, isto tem que ser bem pensado, pois seria o desastre dos desastres o Flamengo não se classificar para a Libertadores do ano que vem. Se dá para ser campeão? Dá tudo! Para ser campeão e até para ficar fora da Libertadores. Fosse numa roda de pôquer, diria que estamos na última mesa, a decisiva, a do tudo ou nada, onde para se ganhar, sorte e competência têm que caminhar juntos.

Abro mão de dizer o que faria se lá estivesse, pois alguns “fariseus”, como diria Mario Gonçalves Vianna, iriam me acusar de estar tumultuando o ambiente. O que desejo é que, ao menos nesta mesa final, os nossos dirigentes palpitem e decidam com sabedoria. Afinal, só tenho uma paixão. Só tenho um clube para torcer e, já estou cansado de perder.