Nasser Al-Khelaïfi (Foto: PSG)

Só Deus sabe…

Não sei se devo me desculpar pelo título, mas ante tantos desencontros de conceitos e, principalmente, como melhor proteger o ser humano deste vírus indesejado, não consegui nada mais pertinente.

A última: O presidente e dono do PSG, Nasser Al-Khelaïfi, com quem tive a oportunidade de jantar em Punta del Este, no Uruguai, após o governo francês anunciar que a temporada deve ser considerada encerrada, em função de todos os problemas oriundos do coronavírus, declarou que se os outros países europeus decidirem de forma diferente, o PSG jogará o restante da Champions com o mando de campo em outro país.

Esta atitude merece uma análise mais ampla. Para começar, quem chuta o balde desta forma, contrariando a decisão do governo francês, deve estar desesperado atrás de dinheiro para saldar seus compromissos. Não é o caso!!! O dono do PSG, mesmo com a crise do petróleo, nada em dinheiro. Portanto, o “vil metal” não é tudo nesta atitude rebelde. Aliás, acho até que o momento do PSG é bem parecido com o do Flamengo.

O clube francês nunca viu tão próxima a possibilidade de, finalmente, conquistar a Champions, enquanto por aqui, tudo caminhava para este ser o ano do Flamengo, fazendo barba, cabelo e bigode…

Aí surge esta desgraça de pandemia, matando, mudando hábitos e costumes, modificando todos os roteiros, inclusive o do futebol.

Voltando ao caso do PSG. Será que o simpático Nasser, dono do clube francês, pensou em consultar seus jogadores para saber se estão de acordo com a sua ideia? E se os jogadores do PSG não concordarem?

Aqui, na nossa terrinha, acontece algo parecido. Já li e ouvi mil fórmulas de retorno aos treinos e aos jogos. Será que os jogadores vão concordar com o que vier a ser decidido?

Pode ser que alguém argumente que, até por uma questão de sobrevivência, terão eles que aceitar. Será mesmo? E se entenderem eles que, sendo o futebol um esporte de contato, além de necessitar quantidade significativa de pessoas para que a bola role, inevitavelmente, haverá riscos?

O que não compreendo é o que pode para um, não possa para outro. Exemplo: como entender os jogos liberados em Minas e não no Rio? Para os estaduais, embora absurdo poder em um estado e em outro não, até que seria possível. E no Campeonato Brasileiro e na Copa do Brasil, como fazer?

Ia aqui defender a tese de que para que isto não ocorra, deve haver uma decisão de atingimento nacional, seja da CBF ou do governo federal. Aí, me vem à cabeça que o Supremo já reconheceu plenos e totais poderes para governadores e prefeitos decidirem este tipo de problema.

Nunca, no campo de futebol ou fora dele, a incerteza foi tão grande.