Foto: Gustavo Garcia

Reflexões em domingo com cara de Quarta-Feira de Cinzas

Não há nesta vida, nada, por melhor que seja, que não tenha algum pontinho negativo e, a recíproca é verdadeira.
De cara, encontro na necessidade de reflexão, com atitudes que devem ser tomadas, algo positivo após a enorme decepção em Montevideo.

Vamos lá:

1 – A soberba é algo que, além de corroer lentamente, levando à irrealidade, produz um efeito devastador mundo afora. O Flamengo, de invejado por todos, passou a ser odiado por quase todos. Esta energia negativa, inevitavelmente, acaba nos atingindo. Há muito tempo não vejo uma comemoração com tanta vontade em tripudiar o adversário derrotado. Normalmente, quem levanta um caneco, com mais ou menos importância, quer é comemorar. Ao contrário da normalidade, torcedores, dirigentes e jogadores do Palmeiras, visivelmente, mais estavam preocupados em dar um toco, do que dar vazão à felicidade que um título como este permite.
Precisamos, para começar, ir ao “pai dos burros” na letra H e, voltar a entender o quão importante seja a humildade.

2 – Não acredito em nada onde não haja comando claro e, definido. E desta forma vejo o futebol do Flamengo, que tem “conselhinho”, vice de futebol, o “Damião” do Cosme, o vice de relações externas, além de, em algumas oportunidades, o presidente. Nada contra nenhum deles, até porque vejo virtudes em todos, só que, como está é incompatível com a realidade do mundo da bola. Jogador de futebol tem que saber quem comanda. Quando a coisa fica no ar, comandam eles…

3 – Esta estrutura, que até entendo que tenha sido construída por quem procurava uma solução democrática, na realidade, além do que já expus no item anterior, tira a velocidade de decisões e ações, tornando lento o timing, ou seja, burocratizando, transformando o departamento de futebol em repartição pública.

4 – De fora, tenho a sensação de que o diálogo tão necessário entre quem comanda o futebol não tem ocorrido com a frequência necessária. Quantas e quantas vezes, em função deste diálogo, fui testemunha de mudanças em planos originais. Não se trata, em absoluto, de interferência, e sim, de criar situações que depurem decisões importantes. Com uma simples pergunta ao treinador – qual é o nosso time para amanhã? – está sendo aberta a porta da depuração. Claro que a decisão final será sempre do treinador, mas esta simples indagação pode provocar um debate saudável, que pode até valer um título.

5 – Algo preocupante é o que vem ocorrendo na recuperação dos nossos jogadores. Caramba, contusões em profusão, lesões musculares em cadeia. Muito se fala e nada se conclui. Até admito que o calendário maluco tenha importante influência. Apenas estranho o fato de, até hoje, não ter sido dada uma explicação oficial sobre este tema que tantos danos têm nos causado. Neste jogo contra o Palmeiras, Isla parece que teve lesão muscular, e Arrascaeta, na prorrogação, não parava de alongar e colocar a mão na coxa, comportamentos que anunciam, no mínimo, desconforto muscular.
Está na hora de alguém vir a público explicar o que está ocorrendo.

6 – Não consigo entender como os contratos dos dois Diegos, e de Filipe Luís, tenham sido renovados até o final de 2023. Embora reconheça neles excepcionais serviços prestados ao clube, não há como não ser pragmático e entender que tudo na vida tem o seu tempo. Estou me baseando em informações divulgadas por todos os veículos de comunicação, jamais desmentidas. Portanto, só pode ser verdade. Um absurdo!

7 – Ouvi no GE, a entrevista de Marcos Braz (foto acima), cansado e frustrado, pedindo tempo para dizer algo que todos querem ouvir.
Dentro da linha do pragmatismo, com todo respeito, Renato já deveria estar desvinculado do clube. Não há mais clima, neste momento, para ele. Um papo leal resolve tudo em cinco minutos, até porque, Renato é um bom ser humano e entenderá com facilidade o momento de total incompatibilidade. A separação será boa também para ele. Evitar o reencontro com a nossa torcida na terça-feira é uma providência óbvia.

8 – O Campeonato Brasileiro não acabou. Embora não tenhamos vocação para ser vice, este é importante, pois pode representar o primeiro título de 2022, além de entrada de recursos no nosso gordo cofre.
Que se recomponha a tropa com o treinador auxiliar e vamos à luta.

Por aqui, entre Uruguai e Argentina, por temas profissionais, ficarei até o dia seis de dezembro, porém, ligado em tudo que diga respeito à nossa paixão comum.
O momento pede ação e, rápida. Vamos recomeçar com inteligência?