Um dos melhores campos de pelada do Rio de Janeiro, foi o Alcidão, no Recreio dos Bandeirantes. Por lá passaram gênios da bola, muita gente boa de bola e muita gente ruim de bola.
Os dois maiores gênios que desfilaram no Alcidão foram Gérson, o “Canhotinha de Ouro” e, Zico, o nosso Rei. Muita gente boa de bola, também. Orlando Lelé, Miguel, Dé, Antunes, Edu, entre os jogadores e, alguns outros, também, bons de bola, só que nunca foram profissionais.
Havia, como sempre, os medianos e, claro, os pernas de pau. O responsável pela organização das peladas era o Murilo, meio campista talentoso, de jogo cadenciado e, um líder natural. Como tal, competia a ele, dividir os times. Aí, sempre, “o bicho pegava”, pois como todos queriam ganhar, estar no melhor time era meio caminho andado.
Gérson, o nosso canhota, já foi vítima de tremenda gozação. Num sábado à tarde, chuvoso, Murilo só conseguiu armar dois times, só que, na distribuição das camisas, colocou todos os bons do mesmo lado e do outro, Gerson e todos os pernas de pau. O “Canhota” irado, criou a maior confusão, pois, para ele, qualquer pelada era final de Copa do Mundo. Ele queria ganhar sempre. Claro que a brincadeira foi descoberta e foi feita uma nova divisão.
Houve o caso de tremenda discussão em que ninguém estava satisfeito no time em que fora escalado. Como havia muita gente, com quatro times formados, Ovídio, o Tio Vivi, decretou: “Bom com bom. Ruim, com ruim…” E, como se profecia fosse, tivemos dois jogos. Time Bom x Time Bom e, Time Ruim x Time Ruim. Nada mais justo. Nada mais simples.
No Alcidão, vivi grandes momentos de peladeiro. O melhor de todos, um jogo entre a seleção do Alcidão, com Dé, Orlando Lelé, Miguel e outros craques não conhecidos, contra a família Antunes, “reforçada” por mim e pelo Velho Apolo. Ganhamos o jogo por 5 a 3 e, neste jogo, a minha mais gloriosa passagem como peladeiro. Roubei uma bola no meio, toquei para o Galo, que devolveu na frente. Driblei o zagueiro, toquei novamente para o Galo e, corri livre para receber. Zico, preferiu chutar no gol e o goleiro pegou. Quando voltávamos para recompor a meiuca, ouvi dele: “Desculpe, foi mal!” Que troféu!!!
Ah, ia esquecendo. Outro que jogava e, muito bem, era o nosso presidente eterno, Francisco Horta. Era do ramo…
Que história deliciosa, Kleber. E que realização deve ser bater uma bola com o Galinho, ainda mais recebendo pedido de desculpa do dito cujo. Pena que não conheci o Alcidão, seria um dos “bons de bola, só que nunca foram profissionais”, rs…
Forte abraço