. Não dá para não falar do extraordinário jogo de tênis entre Federer e Nadal, com o suíço papando mais um título. Impressionante, como após uma inatividade de praticamente meio ano, Roger Federer, aos 35 de idade, consegue jogar num ritmo tão alucinante como vimos ontem. Sempre é bom lembrar que do outro lado da quadra estava Rafael Nadal, o “miúra”, jogando também o fino. Que jogo!
No tênis, eu era G.T.C., isto é, Guga Tênis Clube. Quando Guga parou, como já estava apaixonado pelo esporte e, tendo ficado órfão do meu ídolo, fundei o F.T.C., isto é, Federer Tênis Clube. Simplicidade e leveza me encantam neste tenista, a meu conceito, o melhor de todos os tempos.
Há momentos na vida em que o nosso emocional fica muito acentuado e, como atravesso esta boa fase, sonhei que Federer, o vencedor, depois de um jogo espetacular, decidido nos detalhes, fosse capaz de um gesto altruísta, oferecendo ou, dividindo, troféu e prêmio de vencedor, com seu mais célebre adversário, Rafael Nadal. A bem da verdade, Federer no seu discurso chegou a trilhar este caminho, quando disse que o tênis era um esporte perverso, pois não admitia o empate, o que seria neste jogo o mais justo. Foi aí que imaginei: ele vai entregar o troféu ao Nadal… Pena que ficou só no discurso. Seria uma atitude linda, que serviria de exemplo para um montão de jovens que acompanharam pela TV, em todo o mundo, um momento de magia deste esporte maravilhoso.
. E os “estrangeiros” foram os destaques nesta primeira rodada do Campeonato Carioca. Os peruanos, no sábado, pelo Flamengo, e os colombianos, ontem, pelo Fluminense. Com a chegada do atacante Berrío, o Flamengo será o clube brasileiro com maior número de estrangeiros.
Claro que quantidade nada tem a ver com qualidade, tanto é que, ao longo do tempo, alguns estrangeiros que lá estão – e até agora não emplacaram – vão acabar saindo… Acho a tentativa mais do que válida, até porque, se o mercado lá fora é mais receptivo, por que não fazer uso dele?
. Conclusões positivas, após a nossa estreia no campeonato. Rodnei, que estava esquecido, entrou muito bem. Embora muita gente não goste, Pará vem jogando bem, e faz tempo. Estamos muito bem na lateral direita. Na esquerda, a saída de Jorge, que poderia representar um grande problema, depois da atuação de Trauco, deixou de preocupar.
Algumas dúvidas continuam no ar. Rômulo ou Márcio Araújo? Réver e Raphael Vaz. Esta é a zaga? Berrío, no lugar de Mancuello? Conca, quando estiver pronto, entra no lugar de quem? Enfim, dúvidas boas…
. E o Maracanã, hein? A Federação do Rio, a nossa FERJ, talvez até numa pressão inteligente, já publicou oficialmente que as semifinais e os jogos finais serão realizados no estádio. Aliás, o Maracanã está parecendo a interrompida obra de duplicação de pista da Rio-Petrópolis.
A empresa que explora o pedágio (CONCER), e que por contrato já deveria ter entregue ao povo a nova estrada, simplesmente abandonou tudo. O que já foi feito está sendo deteriorado, a manutenção da estrada está uma vergonha, muito embora o pedágio continue sendo cobrado. A palavra ABANDONO une o Maracanã à estrada Rio-Petrópolis, dois patrimônios do povo carioca, largados ao Deus dará…
No Campeonato Brasileiro e Carioca, o Flamengo só pode usar 5 estrangeiros ao mesmo tempo. Hoje tem Guerrero, Mancuello, Trauco e Cuellar sempre usados. Berrío, Conca e Donatti ainda estão no segundo grupo. Caberá ao treinador fazer um rodízio ou o clube vender dois deles.
Lembrando que na Libertadores podem jogar os sete.
Kleber, com todo o respeito, acho precipitado esse furor por causa de uma vitória contra o Boavista. Estadual, como já sabemos, há muito tempo mascaram os problemas do Flamengo. No início dos anos 2000, vencíamos o Carioca e comemorávamos como se fosse um título mundial. E depois levávamos ferro no Brasileiro e Libertadores. É ótimo começar vencendo, apesar do jogo ter sido bem fraco, mas o estadual não pode servir como parâmetro.
Quanto ao time, acho que há espaço para todos. Acabou a época do time titular absoluto. Se tem 30 jogadores de qualidade no elenco, que se usem todos. Tem Carioca, Primeira Liga, Libertadores, Brasileiro e Copa do Brasil para usar todos os jogadores.
Henrique,
Quanto aos estrangeiros, muito preocupante essa situação dos 5 relacionados. Certamente sobrará para o Donatti e Cuellar.
Ou seja, teremos que aguentar o Rafael Vaz de titular (que passado o fogo de palha, voltará ao futebol de reserva que tinha na horrorosa defesa do Vasco) e na reserva terá que ficar o ex-jogador Juan.
Cuellar, naturalmente, será barrado do banco pelo Marcio Araújo (isso se o Rômulo não for reserva do M.A.).
Time sem expressão boa vista mas se perde estava todo mundo reclamando e claro nao serve de parametro mas para entrosar o time fazer mudanças táticas testar a base valeu sim. Mas agora fica em dúvida entre Rômulo e Márcio Araújo e um pouco demais
Os peruanos foram muito bem, os donos do jogo. Na zaga daria uma oportunidade para o Donatti no lugar do Vaz. Na volância, o Arão esta mal, Cuellar merece uma oportunidade. No meio Mancuello é muito bom tecnicamente, mas muito mal fisicamente. O Conca joga no lugar de qualquer um. O Berrio dará mais opção tática ao time, mas não é certo que será titular. Vai ter que disputar posição. O Zé Ricardo que se vire e ache um lugar no time para os melhores. Ainda tem o pessoal da base que precisam ser testados. A hora é agora no estadual e primeira liga. As perspectivas são boas.
Kleber queridão, permita-me discordar veementemente, como é de praxe!
1o. Ponto foi lamentável a não renovação das finais, uma autêntica mesmice. No feminino as irmãs Venus Willians fizeram a ducentésima final de Grand Slans.
2o. No masculino uma nova versão de 43 confrontos entre Nadal e Federer, diga-se de passagem, dois já veteranos, que claramente não gozam mais da agilidade de seus físicos de 20 e poucos anos, principalmente Nadal.
Ao menos Federer (na vitória) teve a horardes de se comportar dignamente, no que se diga, ficou muito a dever na última final que fizeram no Australian Open de 2009, quando o suíço chorou na premiação por não ter ganho, um autêntico vexame, colocando Nadal em uma posição altamente incômoda, a ponto do espanhol ao falar “pedir desculpas por hoje ao público”: “Federer, eu espero que vc se lembre que você é multicampeão deste torneio, que é o maior jogador de todos os tempos, e que é um prazer e um honra jogar com você”, disse o espanhol diante de uma estúpida maturidade de sua até então absurda idade de 23a, ficou para a história.
Federer, como suíço, avesso a emoções é claro que se lembra disso. Tanto que fez uma honrosa menção ao Nadal, mas o misturo-o com Heewet, Rodick etc, ou seja, pisou na jaca de novo, perdeu a oportunidade de se redimir de 2009, engrandecendo aquele que depois dele próprio (Federer) seja o 2o. da história.
O jogo só teve um detalhe novo a ser notado, a impressionante tática do Federer agressiva no seu backhand (onde o Nadal lhe aplicava verdadeiros vexames). O suíço foi agressivo no backhand, anulando a velha tática do Nadal (bolas altas da esquerda do suíço), uma versão a 70% do que foi o espanhol fisicamente.
A decepção ficou mesmo por conta das semi-finais, uma final animadora seria sem dúvida a dos eliminados, a saber, Wabrinka e Dimitrov. Faltou-lhes peso, experiencia, psicológico, ambos com o 5o. set nas mãos para irem a final.
Kléber Leite, Márcio Araújo não era nem pra estar no elenco do Flamengo, quanto mais ter dúvida entre ele e Rômulo( boa dúvida, pelo amor de Deus!).
Rafael Vaz não tem condições técnicas de ser titular, deviam colocar o Donati ou contratar um zagueiro de alto nível.
Pará é apenas um jogador mediano, com este pensamento o Flamengo não sobe nunca de patamar!
Não se ganha Libertadores com jogadores do nível de Pará, Márcio Araújo, Rafael Vaz e Gabriel como titulares.
É preciso dar chance a base, a história vencedora do Flamengo sempre teve a base!
Meu querido Presidente. vou discordar : dúvida entre MA e Rômulo ? Ai , ai, ai Presidente…..De resto acompanho o relator.
Quem não se emocionou com a volta do Federer não tem sangue nas veias. Que jogaço, que categoria.
Aliás a sugestão do amigo Nino da final entre Wrawinba e o bulgaro seria igual a final do Brasileiro entre São Caetano e Brasil de Pelotas.
Saudações
A janela de transferência de vários países se fechando e o Fla não anunciou outro atacante de lado. Nós restando em poucos dias, somente a China.
Espero que a administração não esqueça que o Carioca não é parâmetro e que: Gabriel, Everton, Ederson e Cirino não possuem a regularidade que um time titular que disputará a Libertadores, merece.
Acabou de trazer o Berrio.
Duro, amigo Henrique!!!!
Como não sou muito chegado a tênis, embora reconheça a beleza do esporte, fico com a foto ESPETACULAR do símbolo da Rolex coroando a cabeça do monstro da bolinha amarela.
Quanto aos gringos, já tivemos melhores.
Dos que estão no elenco, levo fé em Conca, Trauco e Berrío. Mas ainda distante de Narciso Doval, Gamarra e Reyes.
Henrique como citei em outros post, e q você acompanhou, estou citando um outro atacante para fechar o ataque. Capiche.
Quando disse aqui que vender Jorge foi mal negócio e que era preciso comparar com as vendas dos times paulistas e do Fluminense,aqui no Rio, hoje foi dado mais um exemplo,pelo valor de R$ 50.700.000,00 David Neres foi vendido pelo SPFC,com APENAS 8 JOGOS COMO TITULAR,ISSO MESMO! 8 JOGOS! Bem diferente de Jorge,David não passa de uma promessa da bela estrutura de formação de Cotia…….As vezes não era nem relacionado pro banco! Detalhe,o Fla fez tanta reciclagem financeira para ficar desesperado para vender Jorge e receber R$19 milhões(70% que tem direito)?
O lucro do futebol é títulos,não $, portanto não tem sentido se desfazer de bons jogadores,quando um time batalhou tanto para ter saúde financeira para poder manter os melhores….
Kleber,o Corinthians acaba de fechar com Jadson,por um valor muito abaixo da pedida inicial justamente por falta de concorrência,um dos raros jogadores criativos no Brasil com característica de toques curtos e rápidos que “pifam” jogadores na cara do gol,perfeito jogador para compor tabelas e triangulações,além de bater muito bem na bola,como vimos recentemente no mesmo Corinthians campeão,assim o time paulista com um técnico que foi auxiliar de Tite, vai recompondo aquele 4141 de tanto sucesso,com Jadson,um belo volante com o Gabriel no papel de Ralf,Rodriguinho no lugar de R.Augusto que já entrava bem em 2015 nessa função e Romero no lugar de Malcom. Belo trabalho! Atenção no Corinthians que parecia cabisbaixo e pode surpreender.
Aí eu pergunto: Não poderia o Fla contratar Jadson?Pronto para jogar e com a combinação perfeita com Diego,pois Diego é meia de condução,precisa de espaço,tem dificuldades com o adversário fechado,e Jadson poderia já ajudar com seus passes auxiliando na produção ofensiva….Conca,sabe lá como,só em Maio,é mais lento e sem a recomposição de Jadson.
Outra: O volante Gabriel,excelente marcador e passador,não poderia ter vindo tbm? Ficaria no lugar de M.Araújo fácil.
E Rafael Marques?Ótimo atacante de lado,que não terá espaço no Palmeiras.
Acho que o Fla poderia aproveitar muito bem realidades paulistas,que vemos aqui no Brasil,que apostar em mais gringos……
Perfeito, Daniel G. A diretoria não pode deixar de fortalecer a equipe inclusive no ataque, pois perdemos vários jogadores nesse setor.
Como disse em outra oportunidade, o Fla deveria colocar pra jogar junior na LE, o Thiago no gol, Donatti e Cafú contra o Nova Iguaçu e Madureira. A oportunidade é essa, o Carioquinha.
A pasta de futebol deve evitar repetir os mesmos erros, cito exemplos: trazer um novo Armero, tendo um Jorge no clube, aguardando oportunidade. E por fim, que a situação de Cirino seja resolvida – a torcida não aguenta mais esse jogador -, e esperamos que não seja igual ao “caso do Wallace”, que o fla não vendeu/emprestou e ele teve que tomar aquela atitude pessoal.
Jadson seria ideal para o Flamengo, deixa os atacantes na cara do gol, é um excelente meia que joga pela ponta e ainda recompõe muito bem,como fez com Tite. Conca é um jogador mais parado, pesado…..
Com o dinheiro da venda de David Neres e conseguindo vender outras promessas que pouco jogaram pelos mesmos valores o SPFC já entra em negociações pelo volante Hernanes e o excelente Calleri.
Corinthians mantendo Rodriguinho e trazendo Gabriel e Jadson;Cruzeiro com Thiago Neves e repatriando o volante Lucas Silva do Real Madrid;Botafogo com Camilo e Montillo;Galo com Elias,Pratto,Fred e o técnico Roger;Santos manteve a base e um dos melhores técnicos do Brasil;Palmeiras um verdadeiro carrossel com F.Melo,Dudu,Guerra,TcheTche,Moisés,Mina.
Olha… Esse ano os clubes estão fazendo excelente trabalho,o futebol brasileiro esse ano tem tudo para ser o melhor e mais disputado dos últimos anos, ganhar Brasileiro esse ano será bem mais difícil que em 2016.
Caros amigos, não adianta ficar falando do que poderia … seria … etc. Nossa realidade está posta e é com ela que vamos adiante. Agora já foi, encerrou-se o período de contratações e o Flamengo já admitiu que nesse momento é com o que temos que vamos brigar daqui para frente. Concordo plenamente com todos os comentários acima, mas nossos dirigentes não enxergaram, ou não quiseram enxergar, os jogadores acima e ponto final. Vamos de “Massaraújo” e cia e é isso aí. O Daniel G colocou muito bem quando disse que “os times” se reforçaram muito bem. Se no ano passado brigamos com dois pelo título, podem esperar que esse ano a coisa vai ser bem mais complicada. Vai ganhar quem menos perder pontos para os pequenos e fizer do fator casa a diferença. Não estou gostando dessa história de só contratarmos gringos agora. Esse material que o Flamengo diz ter que mapeia o mercado nacional e internacional só enxerga gringos? Tá esquisito isso aí.
E aí pessoal, já que o Godinho foi exonerado do cargo, que tal fazermos campanha para que nosso eterno presidente Kleber Leite ocupe a sua vaga? Aí a coisa engrenaria de vez.
Volta Presidente, volta!!!!
VOLTA KLEBER!
BOA HELDER!
Caro KL nao sei se tiveram oportunidade mas esse texto me deixou empolgado para a nossa mais nova contratação, por isso divido com voces!!
O que esperar de Orlando Berrío, por Joza Novalis
Depois de Trauco, Rômulo e Conca, o Flamengo apresenta nesta tarde o seu mais novo reforço: Orlando Berrío.
Pelo Atlético Nacional, o colombiano fez 49 jogos, com 97 finalizações, 15 gols, 15 assistências e 35 desarmes. Na Taça Libertadores, Berrío contribuiu com quatro gols, 16 assistências para finalizações e 11 finalizações certas, sempre jogando pela direita.
Mas são apenas números. Quem sabe mesmo do assunto é o nosso colaborador e amigo Joza Novalis, que concedeu uma ótima entrevista sobre a Libertadores e o Flamengo.
Agora Novalis volta com uma análise completa de Orlando Berrío. Confira:
“Orlando Berrío chega ao Flamengo como um dos melhores reforços possíveis com vistas a grandes conquistas. Muitos torcedores estão contentes, mas alguns parecem contestar a contratação. Mal sabem das tentativas da direção; da lista e dos diversos nomes que estavam nela. Alguns, tanto de brasileiros quanto de sul-americanos, sequer foram cogitados pelos especuladores de plantão.
Anunciado Berrío, alguns perguntavam por que não foi Eduardo Vargas, aquele que exceto em La U, e no começo da carreira, nunca “jogou bola” em clube qualquer, mas apenas na seleção chilena. Vitinho, Marinho, tantos outros, enfim… Alguns chegaram a comparar Berrío com Cirino. Correto em parte, no físico. E qual o problema da comparação? Ela é livre, todavia os polos que a constituem não se integram. Então, nossa descrição de Berrío vai falar de um jogo grande no qual ele foi decisivo. Deixemos Cirino em paz, com sua atitude de cavar esconderijos em campo. Falemos do reforço, do que ele pode acrescentar e da melhor forma como Zé Ricardo poderá utilizá-lo. Paciência será necessária para que conheçamos Berrio na perspectiva de sua participação no grande jogo de sua vida.
Foi no último suspiro futebolístico do jogo que tudo aconteceu: no último suspiro de Orlando Berrio que o Atlético Nacional conseguiu edificar o seu caminho para o caneco da Libertadores em 2016.
“Es um negro de mierda, tengalo claro!”
A frase era de Sebastián Sosa, o guardametas uruguaio a serviço do Rosário Central naquela que foi a decisão antecipada da Libertadores. De um lado a melhor campanha indiscutível da fase de grupos; do outro, a equipe que apresentava o melhor futebol: no palco, protagonistas diversos a ponto de se tornarem anti-heróis: junto a eles, um coadjuvante com forte potencial para salvar o futebol: Berrio. Contudo, sempre que chegava à área ouvia a frase: “no lo va a conseguir pues que es solo um negro de mierda”. Voltemos um pouco.
O Atlético Nacional não tinha Borja, mas o elenco era até melhor do que o dos dias atuais. A dupla de volantes era formada por Sebastián Pérez e Alexander Mejía, talvez o melhor camisa 5 atuando nas Américas; por certo aquele que tem o melhor passe longo. Na criação, gente do calibre de “Lobo” Guerra e Macnelly Torres; nas laterais, Bocanegra e Farid Díaz. Henríquez capitaneava o esquadrão; Marlos Moreno era o nome da vez e Copete recebia prestígio para ocupar a vaga do lesionado Víctor Ibarbo, exemplo de repatriação bem-sucedida. Contudo, nas palestras de “Chacho” Coudet, a recomendação era para que todos os cuidados recaíssem em dois jogadores, no reserva Andrés Ibargüen e principalmente em Orlando Berrío.
Essas recomendações provavelmente foram reafirmadas nos vestiários, no intervalo, pois tudo saía como desejava o técnico do Central. Sua equipe vencera na ida por 1×0. Através de pênalti contestável, saiu na frente, no Girardot, e mesmo com o empate no intervalo, a situação era a melhor possível. A equipe local precisava de dois gols. E ela teria dificuldades para fazê-los não apenas porque seus esforços foram previstos e parte de suas soluções futebolísticas bloqueadas, mas também porque esse jogo foi a história de uma traição: a do técnico Coudet às suas convicções futebolísticas.
O time mais encantador da fase de grupos praticamente cedeu todo o campo para o Verdolaga e passou a defender sua meta com 11 jogadores. O que se via na cancha do Verde era uma equipe que representava a dignidade do futebol contra outra que ao adotar o jogo do medo, excessivamente defensivista, se comportava como time pequeno. E como não era um time pequeno o futebol que praticava não era legítimo.
“Na hora do desespero, o drible longo do Marlos não funcionará; Macnelly baterá cabeça com Mejía; Guerra com Copete e Marlos; com duas linhas compactas bloquearemos a confusão ofensiva do rival. Mas é preciso tomar cuidado com o drible curto do Ibargüen e com a força física e com a polivalência do Berrío. Ele será centroavante, será ponta, será até o lateral no lugar do Bocanegra. Ele não vai desistir nunca, precisa ser anulado”. Coudet sabia do que falava. Seus assistentes receberam diversos relatórios sobre os jogadores do rival e se espantaram com as descrições feitas de Berrio. E quem era esse jogador? Para Sosa, “um negro de mierda”. Sua frase era cruel, mas ela tinha um objetivo: destruir no jogador aquilo que ele possuía de melhor: seu equilíbrio.
Orlando Enrique Berrío Meléndez sempre foi um garoto gigante de corpo, mas muito educado também. Há um verso de um poeta francês, Rimbaud, que remete à ideia de que o excesso de educação pode estar ligado à incapacidade de alguns em responder à altura frente a certas situações. Possível que este problema tenha afetado o garoto que com 18 anos incompletos foi alçado ao profissionalismo e, de cara, ao time titular. Na base, ele fora tido como uma das maiores revelações do futebol colombiano. Tudo o que fazia dava certo; sempre assumia o protagonismo e raramente não levava sua equipe ao triunfo. Era em quem todos os garotos assustados ou perdidos confiavam nos momentos mais difíceis.
Contudo, o Atlético Nacional estava longe de ser a máquina institucional de hoje em dia. Vivia este processo, mas ele era incipiente. De forma que as expectativas foram tão grandes que jogaram um enorme peso nas costas do garoto: todos podiam errar, exceto ele. Não importavam seus esforços, pois bastava à equipe atuar mal, e perder uma partida, para que o culpado fosse ele, Berrio. O garoto fugia de entrevistas, mas nunca reagia às críticas e às ofensas; preferia se calar em virtude de sua educação. Tentou resolver em campo, mas seus arranques eram bloqueados; seus dribles quebrados, seu pivô na frente da área era antecedido pelo passe curto sempre errado. As coisas não funcionavam para quem outrora fora a brilhante promessa das “canteras” colombianas. O Nacional resolveu emprestá-lo justo para o Millonarios, clube que vivia (e ainda vive) uma profunda crise de identidade. Berrio foi hostilizado desde o início pela torcida e colocado no banco pelo técnico. Quando raramente entrava em campo, o uníssimo das vaias acobertava suas tentativas de reação. Ficou pouco no Millos e foi emprestado para o Patriotas FC. História se repetiu: ouvia coisas da torcida local: xingos, ofensas e a crueldade de alguns, especialmente da tribuna de honra do estádio, de associar seu difícil momento futebolístico à cor de sua pele. Até então, suas respostas se convertiam em explosões repentinas que o levavam a grandes faltas e suspensões.
Posteriormente ao choro, arrependimento e a inúmeros pedidos de desculpas. Eis que chegou o dia em que justo num jogo contra o Millonarios o garoto encontrou a fórmula para espantar seus anos de frustração como profissional. As duas torcidas o vaiavam quando foi pegar a redonda para cobrar um lateral. Conta-se que ele parou, fixou os torcedores e percebeu que todos falavam as mesmas coisas. A força daquilo não era tão relevante assim, pois não passava da fala de um ou outro, papagaiada pela multidão. Alguma coisa aconteceu, pois passou a selecionar as críticas que levava em consideração; além disso, passou a simplificar seu jogo. No lugar de tentar fazer tudo pelo time, passou a fazer todo o possível em poucas jogadas. O garoto da base começava a se reconectar com o agora jogador profissional.
Lembrando que após sofrer o gol bem no início da partida, o técnico Rueda tira Berrio do banco, onde estava por uma moléstia física. Entra em campo com 34 minutos de bola rolando. Após intensa pressão, já nos acréscimos do primeiro tempo, Berrio, que segundos antes estava no círculo central, pega a pelota de frente para uma área congestiona, faz jogada estupenda, livra-se de três jogadores e a entrega para Macnelly Torres guardar: era o empate do Verde.
De onde vinha aquela capacidade de recomposição? De circular por vários setores do campo, se colocando em lugar de volantes, laterais, centroavante e mesmo assim nunca deixar de ser o mais eficiente extremo do futebol colombiano? Recém-chegado a Medellín, Juan Carlos Osório exigiu que seu novo clube resgatasse ao Patriotas um dos grandes destaques do campeonato. Assim que o incorporou, o ex-treinador do São Paulo tratou de situar o jogador na melhor posição possível para que seu futebol deslanchasse de vez. Osório percebeu que ele poderia ser um nove (como vinha jogando), um volante interior e mesmo um lateral-ala. Contudo se deu conta de que se Berrio fosse posicionado como extremo ele faria tudo isto muito bem e sem deixar de ser o ponta agudo que levou o Flamengo a contratá-lo.
Características do jogador
Aos poucos, Osório notou que a polivalência de Orlando Berrío era ainda maior do que supunha. Então, resolveu fazer duas coisas. A primeira delas foi contratar um psicólogo para contornar as explosões do jogador que ainda ocorriam dentro de campo. O “es um negro de mierda”, pronunciado por Sosa, era resultado do estudo e conhecimento do perfil do extremo flamenguista e da certeza de que a explosão voltaria a aparecer dentro do grande jogo. Fora a leitura do que Sosa fizera das recomendações dadas a ele e ao elenco do Rosário Central pelo técnico Coudet. Berrío foi o primeiro a passar por um profissional, mas hoje em dia o clube tem uma equipe composta por 16 psicólogos que presta o mesmo serviço a todos os jogadores do elenco. A segunda atitude de Osório consistiu em explorar todos os recursos do jogador e lapidá-los. No fim das contas, o atacante que o Rubro-Negro contrata consegue:
– atuar como volante, ocupando a faixa central do campo e a partir daí recuar ou avançar conforme a necessidade da equipe. Preferencialmente como volante interior;
– ser um típico “carrillero”, conceito bastante abrangente, mas que essencialmente abarca aquele jogador que ocupa o lado do campo, percorrendo-o de um ponto ou outro: conceito mais amplo do que os de lateral e ala, pois sintetiza a ambos;
– ser um driblador. O fato de possuir um drible longo está associado à força física de Berrío e à sua velocidade. Mas embora não seja um Ibargüen (longe disso), também consegue praticar o drible curto e desconcertante que tanto suas equipes precisaram em momentos decisivos. Parte disso vem da abertura dos braços, o que expande o corpo, projetando-o como um arco que amplia o espaço da bola sob o seu domínio, dificultando sua retomada pelos marcadores: o lance do gol de empate contra o Rosário Central é um exemplo;
– ser um marcador tanto no campo de ataque quanto no de defesa. Para aqueles que comparam o novo reforço com Cirino é bom lembrar que este até oferece combate defensivo na frente, mas é insignificante quando se trata de acompanhar o atacante rival até o campo de defesa. Nisto, Berrío é superior a Cirino e a qualquer outro atacante e meio-campista do atual elenco rubro-negro;
– ser improvisado como camisa 9. Começou assim na carreira e foi colocado como extremo por Osório perceber que centralizá-lo no meio dos zagueiros era reduzir o potencial futebolístico do atleta. Contudo, nada impede a Zé Ricardo de improvisá-lo de 9, em algumas circunstâncias;
– ser eficiente no jogo aéreo. Porém, só em parte. Se há uma deficiência a corrigir é a de se apresentar e fazer poucos gols de cabeça. Curiosamente, na parte defensiva, era um dos jogadores que mais cortava cruzamentos no Patriotas FC. No Nacional nem tanto, pois os zagueiros foram trabalhados na base para executar quase à perfeição este fundamento;
– ser polivalente e obediente às recomendações de seus treinadores. E neste sentido, o que mais se destaca é sua capacidade de atuar pelos dois lados do campo. O fato de Berrio pouco ser flagrado pelo lado esquerdo debita-se à proposta de jogo do Atlético Nacional de jogar com dois extremos e de sempre dispor de um deles para ocupar o setor esquerdo. Ocorre que para confundir a marcação, tanto com Osório quanto com Reinaldo Rueda, a equipe verdolaga invertia os seus extremos. Nem tanto por dificuldades, mas por birra, Jonathan Copete perdeu a titularidade, pois se recusava a trocar de lado. Esta teimosia não faz parte do comportamento de Berrio. Para o auxiliar técnico, Bernardo Redín, o novo reforço do Flamengo era o mais polivalente da equipe (a nosso ver, empatava com Guerra) e o melhor quanto a ouvir e a cumprir fielmente as recomendações do treinador. Ainda para o principal auxiliar de Reinaldo Rueda, o jogador sempre foi o primeiro a reconhecer seus erros em campo e a pedir desculpas aos seus companheiros, nos vestiários;
– executar a cobertura e apoio aos laterais. A nosso ver, esta é a principal deficiência do atual Flamengo. Em geral, esta função é cumprida por Marcio Araújo. Isto ocorre justo porque os atacantes de lado executam mal a recomposição. Colocar Berrío como extremo esquerdo, assim como inverter os dois ponteiros, é algo que Zé Ricardo pode explorar com a chegada do novo reforço. Vantagem, no caso, ao menos quanto a Berrio, é que a qualidade do seu futebol se mantém a mesma, quando ele atua pela esquerda;
– ser o homem do passe final. O que ocorreu no lance do gol de empate, contra o Central, e no gol decisivo de Borja, no jogo de volta contra o São Paulo, no qual Berrío teve uma atuação estupenda;
– ser peça-chave para o contragolpe. Esta é mais uma razão pela qual chega a ser uma heresia comparar Berrío com Cirino. Em situações de pressão, encontramos o colombiano quantificando a primeira linha ou como volante; ou seja, nos lugares perfeitos para o contra-ataque. Lugares em que nem sempre a torcida flagra o pouco interessado Marcelo Cirino.
Final do grande jogo
Jogo segue com pincelas de uma batalha épica no Atanásio Girardot. Aos cinco minutos da segunda etapa, após brilhante jogada coletiva, a equipe verdolaga vira o marcador. Era a primeira vez, após 140 minutos de confronto, que os colombianos se colocavam à frente do Rosário Central. Então, se estabelece de vez o aluga-se meio-campo. No entanto, para a surpresa de todos, e à medida que o tempo passa, o antijogo do Central se alimenta do desespero do Atlético Nacional e parece ladrilhar o caminho do triunfo argentino. O jogo de pressão segue seu curso, mas pouco a pouco a articulação das ideias se esvai e deixa de alimentá-lo. A equipe local já tem quatro atacantes na cancha. Aos 36’, Bocanegra cruza para a área, Berrío voa sobre a bola e acerta o cabeceio para a defesa de Sosa. Já aos 40’, ambos se chocam na área e o arqueiro fica no chão por mais de um minuto, sugerindo dores que não existiam: nada fora dito nesses momentos, mas o efeito das falas anteriores seguia no olhar de um deles e na alma do outro: “no lo va a conseguir pues que es solo um negro de mierda”. Sebastián Pérez, Macnelly e Copete já não estão em campo. Nos minutos finais, Henríquez e sobretudo Marlos Moreno se agigantam na mesma dimensão da frustração que vai danificando a magia de seu futebol. Alejandro Guerra está perdido e Alex Mejía não acha o ângulo certo para ofertar o passe consagrador.
Qual o limite para ofensas e agressões que acontecem dentro de campo? Dentro dele, uma resposta “a Grafite”, por parte do ofendido, pode ser justificada, mas em termos futebolísticos é a melhor? Quem somos nós para sabê-lo? Para Sosa, tudo o que aconteceu “são coisas do jogo, e que devem ser sepultadas dentro de campo”. Sua intenção certamente era a de quebrar o equilíbrio daquele que seu treinador apontara como um dos únicos capazes de se manter taticamente focado até o fim. De certo que quem alude à “raça” de alguém, em termos provocativos, não entende que sua fala passeia pela alma da vítima resgatando momentos semelhantes ao longo de toda a sua vida. E quem consegue manter sua altivez em tais circunstâncias, ater-se a questões táticas e fazer de conta que nada disso faz sentido em tais momentos? Fato é que aos 49’ de jogo, as lágrimas tomavam conta do Atanásio Girardot. Crianças, idosos, homens e mulheres: era o sonho se colorindo do desespero. Quase todos andavam em campo para lá e para cá sem guardar posição. Exceto um: aquele que precisava ser o centroavante. Após ensaiar soluções infrutíferas, Ibargüen consegue a jogada ideal e lança a bola para a área. Henríquez escora de cabeça e Orlando Berrío enterra a pelota no arco do seu torturador. Antes de partir para o abraço, grita o gol na cara de Sosa. Não era o grito de sua liberdade ou de sua consagração: isto tudo já estava com ele. Era o grito de sua verdade: mesmo testado aos extremos, seu equilíbrio se mantivera até o fim porque ele Orlando Berrío, era diferente.
Este é o jogador que o Flamengo acaba de contratar”.
Rick, parabéns pelo longuíssimo texto, muito enriquecedor com uma visão aprofundada do futebol da América do Sul, o seu estilo literário tbm é de muita classe! SRN.
“A galinha preta no Luso Brasileiro”
Será que de tanto cavarem lá, se encontraram enterrado
algum despacho alvi-negro com o nome do William Arão?
Desde que o Arão pisou lá, nunca mais foi o mesmo.
Sugestão caseira e espetacular, já que nosso guru não toparia.
Com Klebão, ou é carta branca total ou, chance zero….
O nome é competente e muito conhecedor.
Plínio Serpa Pinto é o cara…