(Foto: Vitor Silva / Botafogo)

Coração apertado

O meu está e, muito! O Botafogo caiu para a segunda divisão.

Com certeza, muitos amigos e companheiros do blog, provavelmente os mais jovens, podem até estranhar, motivados pela rivalidade, que ao invés de estar gozando meus amigos botafoguenses, esteja eu dando o ombro para eles.

Vocês mais jovens um dia irão entender que o gigantismo do Flamengo está diretamente ligado aos seus principais rivais. Não tenham dúvidas de que, Botafogo, Vasco e Fluminense, foram ao longo do tempo, para o nosso crescimento, muito mais parceiros, do que propriamente “inimigos”.

Vamos ao Botafogo. Após o nosso tricampeonato – 53,54,55 – vimos o Botafogo se transformar em nosso maior rival e ser a base para a Seleção Brasileira que, muitíssimo graças a ele, conquistou as Copas de 58 e 62, além de muito ter contribuído para o Tri, de 70, no México.

Neste período, sofremos muito. Em 62, no setor 4 do Maracanã, vi um gênio de preto e branco ganhar o campeonato. O Flamengo até que jogou bem, mas como segurar Garrincha?

E o sofrimento não parou aí. Até o surgimento de Zico e Cia… o problema era como parar o time do Botafogo. Uma vez ou outra até conseguimos, como no jogo em que Tim, Elba de Pádua Lima, arquiteto maior entre os treinadores, anulou Paulo César, com Luiz Cláudio fechando o espaço para o mais talentoso jogador do Botafogo. Vencemos um jogo com sabor de título. Ganhar do Botafogo era mais ou menos isso.

De Garrincha, Didi, Quarentinha, Amarildo e Zagalo – até, Rogério, Gerson, Roberto, Jairzinho e Paulo César, tivemos o nosso maior aprendizado de superação. Se conseguimos encarar esta usina de craques e sobrevivemos, era uma questão de tempo para que encontrássemos nosso caminho de glória. Em síntese, o Botafogo foi um baita sparring, nos fez mais fortes, mesmo apanhando muito.

Talvez o tempo tenha a ver com o meu sentimento de hoje. Pode ser. O que não posso a esta altura da vida é deixar de dizer o que penso e o que meu coração dita.

Ver um gigante do futebol mundial, nosso parceiro de casa, do dia a dia, sucumbir de forma tão melancólica, caindo pela terceira vez em sua história para a segunda divisão, é triste.

Que inspirados no passado, os dirigentes que hoje comandam o Botafogo tenham vergonha na cara e entendam de uma vez por todas que um gigante não pode se apequenar.

A sensibilidade que nós no Flamengo tivemos, entendendo a incompatibilidade entre a nossa grandeza e – com todo respeito – a segunda divisão, infelizmente, o mesmo não ocorreu nos nossos co-irmãos cariocas.

Momento triste para quem verdadeiramente ama o futebol.

Aos torcedores do Botafogo a minha solidariedade e torcida para que o passado de tanta importância e dignidade seja regatado ainda este ano.