Hoje, na hora do almoço, encontro com uma das mais importantes figuras do mundo da bola. Pela sua função, com livre trânsito e sempre muito bem recebido por todos os clubes, está constantemente muito bem informado.
Conversa vai, conversa vem, lá pelas tantas deixa escapar a sua preocupação com uma quantidade significativa de clubes brasileiros que estão indo para o terceiro mês de inadimplência com seus profissionais do futebol. Ainda brincou comigo, dizendo: “o seu Flamengo atrasa um mês, depois paga, mas vai levando sem correr grandes riscos. Agora, há alguns que a médio prazo podem explodir”. Criticou ele a loucura que os clubes estão cometendo pagando quantias inimagináveis por jogadores que pouco resolvem e sequer carisma têm para puxar o povão para os estádios.
Paralelo a este fato, a revista Forbes acaba de publicar que quatro jogadores brasileiros estão entre os mais bem pagos das Américas, somando os quatro, só de salários, US$ 18.400.000/ano (dezoito milhões e quatrocentos mil dólares por ano!). O pior é que todos jogam no Brasil: Robinho, US$ 3.100.000; Fred, US$ 4.000.000; Alexandre Pato, US$ 4.600.000. Kaká, emprestado ao São Paulo até o final do ano, mas que pertence ao Orlando, dos Estados Unidos, recebe US$ 6.700.000.
Particularmente, nada tenho contra quem sonhe alto e procure o melhor para o seu clube, porém quando se contrata e se assume um compromisso, é necessário ter a certeza de que se pode pagar. Recentemente, um dirigente me perguntou se determinado jogador por quem ele tinha interesse poderia ser contratado mediante uma ação junto a possíveis patrocinadores. Disse a ele que, apesar de muito bom jogador, duvidava muito que conseguisse causar impacto a ponto de sensibilizar algum anunciante a entrar no projeto. É o tal negócio, há uma diferença monumental entre o craque e o ídolo. O craque joga para o time, mas não consegue conversar com o povo. Já o ídolo vive no colo do povo. E, tirando Neymar, há entre os jogadores brasileiros algum outro ídolo? Há mais alguém que pare o comércio, que provoque suspiros e encha os estádios?
A época do romantismo passou. Rivelino, que era ídolo, foi comprado com um cheque sem fundos, naturalmente depois devidamente encorpado, numa jogada ousada e admirável de um gênio chamado Francisco Horta. Na passagem do romantismo para o profissionalismo, foi possível ao Flamengo levantar junto a grandes empresas, em 1995, quatro milhões e meio de dólares para repatriar Romário. Da mesma forma veio Bebeto, contratação à época paga pela Umbro. Depois deles, quantos ídolos de verdade apareceram? Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho, Kaká, Robinho, Neymar e…mais alguém? Acho que não. Isto para dizer que o mercado não se sensibiliza por um jogador que seja “apenas” muito bom. Ele tem que ter algo mais. E isto é muito difícil.
Resumo da ópera: de acordo com informações de fonte tão segura e, pela ausência do ídolo, que consequentemente inviabiliza a entrada de outros tipos de recursos para contratações ousadas, porém responsáveis, que os clubes reencontrem a convivência profissional realista com os seus jogadores. E que seja rápido, pois segundo este meu amigo, alguns podem explodir.
Jogando na terrinha, pinçaria no máximo 5 jogadores no estilo “algo a mais”.
Jogadores que fazem a diferença. Que arrumam qualquer time.
Conca, Éverton Ribeiro, D’Alessandro, Kaka, e o interminável Zé Roberto…
Certa vez, vendo um jogo do Coritiba, comentei com um amigo, a bola que o Éverton joga.
Pois bem! O Cruzeiro, com um executivo extremamente competente (Alexandre Mattos), contratou o jogador por R$4 milhões…
Em menos de 2 anos, a Raposa já recebeu 3 propostas por ele. Sendo a última (Monaco), de R$32 milhões.
O que o Flamengo pagou pelo Vagner Love, e não levou, contrataria na época, Luiz Fabiano, Éverton Ribeiro e Emerson Sheik…
Como a incompetência montou barraca no futebol do Flamengo, Patrícia contratou Love, e Bandeira de Mello, deu um tiro no pé contratando Carlos Eduardo…
Com a grana gasta com as duas crianças, o Flamengo montaria um belo time.
O problema, é que criatividade não é produto. Portanto, não encontramos nas prateleiras dos supermercados..
Bom dia Kléber, discordo quando vc fala que Neymar é ídolo. Acredito eu que ele seja ídolo apenas em Santos onde tem a maioria dos torcedores santistas, e que fez chover com a camisa do Santos. Pois Neymar não é ídolo do Brasil, o Brasil esta tão carente de ídolos que para não ter passado a copa sem uma referencia “inventaram” o Neymar como o grande ídolo do Brasil, coisa que não é nem de perto o que o Romário representou em 94, Ronaldo em 2002 e para não colocar só anos que fomos campeões, em 2006 estava recheado de ídolos, Kaká, Ronaldinho, Roberto Carlos. Mas Neymar NÃO é ainda um ídolo do Brasil, o que poderá acontecer nesse progresso até a copa de 2018 ae veremos se vai se tornar “o cara” ou vai ser mais um Robinho…
Essa questão do ídolo é um tanto imprevisível. Vejamos o Botafogo como exemplo: Loco Abreu, que nunca ganhou nada de relevante e está muito distante de ser um craque, foi ídolo da torcida alvinegra, muito mais ídolo que Seedorf, craque e maior vencedor da história da Champions League.
Ás vezes não é apenas a bola jogada que interessa, mas o quanto o jogador se identifica com a torcida e puxa seus brios, o quanto veste de fato a camisa do time.
E a torcida quase sempre acerta: Loco já demonstrou interesse em voltar algumas vezes ao Botafogo, já Seedorf foi embora na primeira chance que teve, sem nem dizer adeus.