Invasão corintiana ao Maracanã em 76, é fácil perceber a forte presença rubro-negra. (Reprodução da internet).

O mundo mudou. Aqui, muito mais…

Desde menino – comecei aos seis anos vendo, ao vivo e a cores, o Flamengo ser tricampeão – acompanhando o Flamengo por tudo que é lugar neste planeta, fui assimilando certas coisas do mundo da bola.

O tempo passou e algumas destas coisas, que jamais poderia imaginar diferentes, estão bem diante de nós. Como meus pais eram fiéis seguidores do “Manto”, onde o vermelho e preto estivesse, lá estávamos nós.

São Paulo, pela proximidade, com absoluta certeza, foi a cidade – depois do Rio,  claro – que mais vi o Flamengo jogar. E para lá já fui de todas as formas. Pela estrada, de carro e de ônibus.

Houve época em que havia o trem de prata, que era uma curtição, em que a viagem noturna era a melhor opção, pois até cabine havia. O passageiro dormia no Rio e acordava em São Paulo. E, claro que, de uns tempos para cá, o avião foi o meio de transporte mais usado.

Neste longo período, aprendi que neste eixo Rio-São Paulo do futebol havia a tradição das torcidas amigas. A nossa torcida amiga sempre foi a do Corinthians e, lembro que inúmeras vezes, fosse o jogo no Pacaembu ou no Morumbi, era a coisa mais comum do mundo a confraternização entre rubro-negros e corintianos.

O noticiário de hoje dá conta de que as autoridades estão classificando este jogo, entre Flamengo e Corinthians, como de altíssimo risco. Palavra que levei um susto.

Cansei, como torcedor, antes de ir para o nosso canto em um estádio paulista, ir cumprimentar e confraternizar com a torcida corintiana. E, a recíproca era verdadeira.

Que os corintianos me perdoem, mas aquela famosa invasão alvinegra no Maracanã, no jogo contra o Fluminense, houve, de forma camuflada, um enorme contingente de torcedores do Flamengo que, para a história, foram computados como torcedores corintianos. Enfim, a harmonia sempre prevaleceu, mesmo em jogos importantes ou decisivos. Será que isto mudou ou, será que as “autoridades” estão enxergando pelo em ovo?

Tomara que este jogo transcorra na mais absoluta paz, que a história seja preservada, que rubro-negros e corintianos continuem amigos e confraternizando. Tomara que não sucumba uma das melhores memórias que tenho deste nosso mundo da bola.

Outras coisas devem ter mudado e, muito! Pasmo estou com o estado do gramado do Maracanã, e mais surpreso ainda com as explicações dos responsáveis por sua manutenção.

Alegam eles que a quantidade exagerada de jogos está impossibilitando a boa conservação. Pera lá! Há muito tempo atrás, havia uma quantidade muito maior de jogos no Maracanã, que era utilizado permanentemente pelos quatro grandes clubes do Rio. E, não esquecendo que antes os quatro usavam, enquanto que hoje, Vasco da Gama e Botafogo desenvolvem os seus jogos, respectivamente, em São Januário e no Engenhão.

E, lembro ainda que, lá atrás, além dos jogos de TODOS os times grandes, cansamos de ver preliminares no Maracanã. E o gramado sempre foi muito bom. Então, que diabo de explicação absurda é essa? O pior é que não ouvi, nem li, ninguém rebatendo este argumento absurdo.

Há, sim, um forte cheiro de incompetência e, quem sabe, de descaso, no ar.