(Foto: Paulo Fernandes / Site oficial do Vasco)

Eurico Miranda

Em São Paulo, recebo a notícia do falecimento de Eurico Miranda, ex-presidente do Vasco da Gama.

Não há como não voltar no tempo e, ao contrário do que muitos possam imaginar, não vou aqui me expressar como ex-presidente do Flamengo, e sim, como jornalista e radialista que teve o privilégio de conviver com esta figura tão marcante e carismática.

Quando criamos o “Enquanto a bola não rola” o propósito era gerar uma audiência nova, ouvintes interessados em interagir com os comunicadores, e a fórmula mágica foi dar ênfase a todo e qualquer assunto que polêmico fosse, além claro, de participarem da mesa de debates comunicadores que tinham a polêmica estampada na alma.

Aí entra o nosso personagem que, era presença obrigatória em quase todos os domingos. No “Enquanto a bola não rola”, Eurico descobriu o caminho mágico para dar ao seu clube uma nova dimensão, um novo patamar.

Eurico mirou no Flamengo e tanto fez que acabou polarizando. Esta genial sacada marqueteira rendeu muitos frutos ao Vasco, que caminhou para o popularesco, e em função disso, viu o seu faturamento crescer brutalmente, com cotas de TV que, não fosse a “jogada” de Eurico, seriam infinitamente inferiores.

Além disso, criou – com frases certeiras – polêmicas memoráveis. Exemplo? “Treinador não ganha jogo. Treinador perde jogo”.

Eurico brilhou como vascaíno e, ao seu estilo, como comunicador. Na minha frente, rasgou na sede da CBF, ainda na rua da Alfândega, um contrato que um diretor da TV Bandeirantes exibia e exigia que fosse cumprido.

Como homem/dirigente, duas passagens dignas envolvendo o Flamengo. Houve um ano em que dois Campeonatos Cariocas foram disputados. O  Flamengo ganhou os dois. Como repórter, antes disto acontecer, perguntei a ele se o Flamengo ganhasse os dois campeonatos no mesmo ano seria bicampeão. Na hora, respondeu que sim e, sustentou na Federação.

No episódio do Brasileiro de 87, foi firme, anunciando com seu jeitão imponente e autoritário que o Flamengo era o único campeão.

Ouso dizer que, nesta época Eurico foi para mim, repórter, um baita companheiro. E, a ele devo por tanto que contribuiu para o nosso programa na Rádio Globo.

Como ex-presidente do Flamengo, com ele tive vários pegas. Prefiro esquecer. Na minha lembrança, o Eurico genial era o da minha época de repórter.

Como rubro-negro e ex-presidente do Flamengo, sequer ético seria fazer algum tipo de avaliação do que representou Eurico Miranda para o Vasco da Gama. Isto compete, exclusivamente, aos vascaínos.

O que ninguém jamais poderá negar, seja torcedor de quem for, é que Eurico Miranda deixou registrado, cravado e tatuado o seu nome neste nosso mundo da bola.

Minha solidariedade e carinho à sua família, aos seus amigos, aos vascaínos e a todos que tenham paixão pelo futebol.

Descanse em paz Euricão. Você, ao seu jeito, foi um guerreiro da colina. E, mais do que ninguém, sei que a sua aversão ao Mengão nada mais era do que genial sacada de marketing.

O futebol está de luto.

 

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