Nino e Antonino

Nas décadas de 80 e 90, bombava na Lagoa um restaurante/bar, que era praticamente a casa de muita gente. Políticos, artistas, comunicadores de rádio e TV, dirigentes esportivos, enfim, quase toda tribo curtia no primeiro andar o mais lindo bar que esta cidade maravilhosa já produziu, com o genial Zé Maria ao piano. Era mágico! No segundo andar, o restaurante, que na realidade só era usado para conversas ao pé do ouvido, sem vizinho “de antena ligada”.

No duro, o que todo mundo queria era ficar no bar, curtindo aquele ambiente aconchegante, viajar na bossa nova do Zé Maria e, quando batesse a fome, comer ali mesmo. As histórias são muitas e a maioria aconteceu no bar.

Uma delas, com um repórter de rádio, em que o “over” era marca registrada. Tanto é que, o único carro conversível e, de cor rosa, no Rio de Janeiro, era o dele. Inconfundível! Final de tarde, dia lindo, o nosso amigo “adentra ao gramado do ANTONINO” com uma loura descomunal, vão para o fundo do bar e, ainda sem Zé Maria ao piano, porém com bela seleção musical, iniciam um amasso monumental. Como quase não havia clientes no bar, os garçons super bem treinados, deixaram o casal à vontade. Só que, na mesma hora, passava em frente ao ANTONINO a mulher do nosso companheiro. Não havia como não notar o carro conversível de cor rosa. Ela, claro, viu. E, imediatamente saltou para dar uma beijoca no marido. Foi entrando e, depois de procurar um pouquinho, descobriu no fundo do bar o marido abufelado com a loira espetacular. Resumo da ópera: O ANTONINO ficou fechado quinze dias para reforma do bar, feito em pedacinhos pela mulher do nosso amigo.

No segundo andar, o restaurante para conversas reservadas, um importante personagem, capaz de decidir uma eleição na CBF, é convidado por um dos candidatos para um jantar. Lá pelas tantas, o candidato, numa noite não muito inspirada, ao final, faz a seguinte colocação: “Sou uma pessoa prática e objetiva. O negócio é o seguinte: você me apoia, conseguindo os votos que preciso. Sei que, o que vocês querem é uma viagem aqui, outra ali, como chefes de delegação. Garanto para você, no mínimo duas viagens por ano.” O nosso amigo ouviu e, britanicamente, disse: “Perfeito!” Saiu dali jurando que a última coisa que faria na vida, dada a petulância do candidato, seria matá-lo nas urnas. E, matou! O humilhado decidiu a eleição.

Restaurante Nino, em Itaipava

Restaurante Nino, em Itaipava

Conto isto, porque hoje almocei em Itaipava no NINO, comandado pelo Fernando, filho desta figura mágica, Manuel Águeda, o pai do NINO e do ANTONINO, o rei das garçonetes do famoso CHEZ ANDRÉ , o mais charmoso Bistrô de Paris, que quando Águeda chegava era saudado como chefe de estado. À cada vez que ia a Paris, levava para as meninas (a mais nova tinha 50 aninhos) calcinhas e biquínis, que eram disputados à tapa…

Hoje, em homenagem a Manuel Águeda, no NINO do seu filho Fernando, no Shopping Estação, em Itaipava, elegi para o almoço o “Filé a Manuel Águeda”. Estava delicioso. Ali, naquela hora, o mais importante não era o sabor. Era a homenagem a uma extraordinária figura humana e um dos REIS da noite do Rio.