O ser humano ficou pior?

O meu amigo Getúlio Brasil enviou imagens do sufoco por que passou o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, ontem, no Engenhão, assim que chegou ao camarote destinado à diretoria do Flamengo. (ver abaixo)

Vi estas imagens e, instintivamente, acabei voltando no tempo, tentando entender o que deu origem a este tipo de atitude agressiva. Aí, inevitavelmente, vários filmes começaram a tomar conta da minha cabeça e, por várias experiências próprias, garanto que esta agressividade tão contundente é coisa de passado recente

Bem lá atrás, fica a lembrança de um Maracanã que tinha na GERAL o mais democrático espaço do futebol. Ali, os torcedores, todos de pé, se misturavam e não há registro de qualquer conflito.

Ainda no Maracanã, independente do clássico, os torcedores subiam as rampas juntos, cada um com seu cântico, mas todos se respeitando.

Como torcedor, frequentador assíduo de arquibancada, jamais passei por qualquer sufoco, aqui no Rio, bem como Brasil afora…

Como repórter, e todos sabiam que eu era Flamengo, nunca houve sequer uma ofensa mínima.

Como presidente ou como vice-presidente de futebol, houve um único fato isolado, quando no antigo estádio do Grêmio, quase levei um rádio de pilha na cabeça. Este período foi de aproximadamente nove anos.

Convenhamos que o episódio isolado do radinho de pilha foi muito pouco, para tanto tempo de presença nos estádios brasileiros. E, apenas para reforçar, inclusive em São Januário, onde sempre fui tratado com respeito e carinho.

Há quem sugira que os presidentes de clubes deveriam ver o jogo juntos. Que isto seria uma mensagem de paz. Aí, acho que é pedir demais, até porque, por temperamento, fica muito difícil conter a emoção, que poderia ser considerada como provocação ao presidente do clube adversário. Neste ponto, concordo com o presidente do Botafogo que, como eu, não compra a ideia.

Será que os pensamentos antagônicos dos presidentes de Flamengo e Botafogo representam um estopim, acirrando os ânimos dos torcedores? Mas aí, já é demais. Até porque, discordar não é crime.

Sei lá. Acho que o problema passa ao largo do futebol e, está sim, diretamente ligado ao mundo louco em que vivemos, e na imprevisibilidade do ser humano dos nossos dias.

Algo precisa ser feito. A sensação que se tem é a de que muitos torcedores confundem ir ver um jogo de futebol, com ir para uma guerra, onde o torcedor adversário é um inimigo mortal.

Urge uma campanha competente e direta para combater a praga da torcida bélica. Isto já está passando do ponto.