(Reprodução da internet)

O homem da mala, o famoso Malaquias

O homem da mala não é uma figura folclórica no futebol. Ele existe, mesmo!

Primeiro, o nome. Por que “homem da mala”? Simples. Este tipo de operação nunca pôde ser feita no “fio do bigode”, pois em muitas oportunidades o que foi acordado não foi cumprido. A matéria prima, ou seja, o dinheiro vivo, precisava ser mostrado para que não houvesse qualquer dúvida quanto ao pagamento. “Malaquias” deve ter sido uma das geniais sacadas de Washington Rodrigues, o “Velho Apolo”.

As histórias  sobre o “Malaquias” são fartas e, com certeza, com tudo que é tipo de sotaque neste país de dimensões continentais.

Depois de algum tempo, quando se chegou à conclusão de que dirigentes tiravam proveito deste tipo de ação para colocar uma graninha no bolso, as tratativas são obrigatoriamente feitas com os jogadores e, sempre em reunião com três ou mais, pois com um só, o dinheiro pode não chegar ou, chegar diferente para os outros jogadores.

Quando repórter, tive uma informação segura de que um grande clube do Rio, que precisava de uma vitória do Bahia, em reunião de diretoria, resolveu colocar uma polpuda quantia à disposição de um dirigente, para que ele oferecesse aos jogadores do clube soteropolitano. Veio o jogo e o Bahia foi derrotado de forma contundente, sofrendo tremenda goleada.

Alguns meses depois, cruzei com a delegação do Bahia em um aeroporto. Não resisti e comentei com um jogador do time baiano com quem tinha intimidade, como é que, com um “bicho” daquele tamanho para ganhar o jogo, ocorreu a derrota acachapante. Na reação do jogador, a verdade veio à tona. Disse ele: “Ué, que bicho? Estávamos esperando, mas ninguém nos ofereceu nada.”

Resumo da ópera: o dirigente malandro jogou com a sorte. Aprovou em diretoria a liberação do dinheiro para incentivar o time baiano, só que não ofereceu nada aos jogadores. Jogou com a sorte. Se o Bahia vencesse, colocaria uma bolada no próprio bolso…

Em síntese, o dirigente usava o “seu clube de coração” para faturar algum…

A legislação esportiva proíbe o incentivo externo, mesmo sendo para o lado bom, ou seja, para reforçar a vontade de vencer.

Apesar disso, e claro que na surdina, os Malaquias continuam atuando. Agora, sempre em dupla no oferecimento, tendo do outro lado três ou mais pretendentes em correr muito mais do que correriam sem o famoso “faz-me rir”.

Nesta rodada final de brasileirão há o risco iminente dos “Malaquias” se encontrarem nos aeroportos da vida…