(Foto: Alexandre Vidal, Marcelo Cortes & Paula Reis / Flamengo)

O milagre do doce Portuga e do seu timaço

Peço a atenção dos queridos companheiros do blog para este depoimento de um vascaíno que, me foi enviado pelo meu amigo Marcão, baiano de Vitória da Conquista, e torcedor do Cruzeiro.

De minha parte, fico muito feliz ao constatar que a beleza do futebol bem jogado quebra a barreira da cega paixão clubística e se transforma em poema, como neste caso.


 

Um time disruptivo para um futebol conservador

Eu, 55 anos, vascaíno e apaixonado por futebol, há alguns anos vinha desinteressado pelo nobre esporte bretão, mais, precisamente, depois do fatídico 7 a 1 no Mineirão.

Nos anos 60 e 70 tínhamos, aqui no Brasil, vários treinadores estrangeiros, como por exemplo: Filpo Nuñez e Raúl Bentancor, sendo este último, treinador do nosso Conquista da década de 60, daquele timaço que tinha Agra, Naninho e Naldo, Isaac, Piolho e Victor. Pois é… meu pai, José Maria Arêas foi conduzido ao cargo de comandante máximo daquele escrete logo após a saída do uruguaio que, por sinal, foi técnico da seleção uruguaia de 1977 a 1979, eita Conquista progressista.

Nesse contexto, a partir da década 90 criou-se, no Brasil, uma reserva de mercado para os técnicos, apoiado por uma parte significativa da mídia. Certo que houve algumas tentativas como foi o caso de Ruedas, Osório, Gareca e outros, mas foram defenestrados nos primeiros resultados negativos, sem, como é de costume, um mínimo de paciência, imagine se o Flamengo demitisse Jorge Jesus quando perdeu por 2 x 0 para o time do Equador? Ou mesmo os 3 x 0 para o Baheeea?

Teríamos sido privados desse show de bola que estamos assistindo o Flamengo apresentar sob a batuta desse gajo com cara de pintor Conquistense, demoliu o futebol de resultado o “joga feio, mas ganha”, mostrou que se pode jogar com competitividade, com intensidade e jogar bonito ao mesmo tempo… salve Jesus!

O “messias rubro-negro”, soube utilizar, diga-se de passagem, o excelente elenco que tem, de forma competentíssima. Outra coisa, cabe também parabenizar a gestão do rubro-negro, eficaz, eficiente e corajosa. Ô inveja…mas, como diz o adágio popular “os bons exemplos arrastam”.

Obrigado Jesus, obrigado Flamengo por me proporcionar, sem o clubismo doentio, momentos de contemplação, esse 5 a 0 em uma semifinal de Libertadores, e contra um gigante como o Grêmio, foi algo para entrar para a história.

Confesso que, como bom vascaíno, tentei secar, mas fui convencido pela razão. Esse sentimento tem menos a ver com a rivalidade e mais a ver com bom senso e com coerência.

Apenas tenho receio que, caso o Flamengo não seja campeão da Libertadores, apareçam as aves de rapina para dizer que está tudo errado, como fizeram com nossas seleções de 1950 e de 1982.

Parabéns Flamengo!

De um vascaíno apaixonado.

Por Eduardo Arêas – Administrador, Professor e Mestre em Bioenergia