Estádio Monumental de Nuñez (Foto: Xinhua/Martín Zabala).

No fundo do poço

Quando não há autoridade, nada caminha bem. Desde o último sábado estamos sendo testemunhas da mais absurda página na história do futebol sul-americano que, por absoluta falta de autoridade e competência, o que poderia ter sido um momento épico, acabou se transformando na maior vergonha do mundo da bola no nosso continente.

Ainda no sábado, após a selvageria nas ruas de Buenos Aires – e a covarde emboscada sofrida pelos jogadores do Boca Juniors – o que vimos pela TV? Os presidentes de Boca e River, num entra e sai sem fim dos vestiários, e a cara de pastel do presidente da Conmebol, sem saber o que fazer e dizer. Isto sem falar no presidente da Fifa, também atônito, afirmando que não haveria clima para um novo jogo.

Impressionante a diferença dos dirigentes que conheci no passado e os de hoje. Otávio Pinto Guimarães tinha um lema: “tudo pode, menos o circo parar”. E, com esta filosofia, superou uma greve que os árbitros anunciaram, confirmando a rodada e afirmando que poderia, em último caso, recorrer até a torcedores para que os jogos tivessem árbitro e dois bandeiras. Como foi firme, o problema foi resolvido.

A Federação do Rio tinha um líder na acepção da palavra e, um líder que AMAVA futebol. Hoje, tenho sérias dúvidas com relação ao real interesse de certos dirigentes, pois não é difícil detectar que se vestibular houvesse, em que o tema fosse, exclusivamente, futebol, uma quantidade significativa de cartolas levaria pau.

Direto ao tema. A Conmebol anuncia que o segundo jogo entre River e Boca será disputado no dia oito ou, nove de dezembro e, não será na Argentina, havendo três opções, a saber: Miami, Doha e Assunção. Paralelo a esta informação, o presidente do Boca diz que o seu time não entra em campo enquanto o River não for julgado pelo tribunal da Conmebol e, arremata, reivindicando o título de campeão da Libertadores.

Mais uma vez, fica claro que o problema reside em liderança, em autoridade e, óbvio, em conhecimento de causa. Não caberia outra medida ao presidente da Conmebol se não a de convocar, em caráter de urgência, o seu tribunal, julgar o River e, em função do resultado, tomar as providências cabíveis, até porque, não sendo punido, por que motivo o River aceitaria jogar em qualquer estádio que não fosse o seu?

Não julgar o River e acenar com a possibilidade da decisão da Libertadores, entre dois clubes argentinos, ser realizada em Miami, Doha ou Assunção, é coisa de maluco. Enfim, o futebol está entregue a quem com ele não tem nenhuma sintonia. Pena que os clubes sejam tão desunidos e que, tenham como limite de visão os seus próprios umbigos. A inconsequência está passando do ponto. O futebol precisa reagir.