Desencontros

Vi e ouvi o desabafo do presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, revoltado com o comportamento do presidente da Federação, Rubens Lopes, em que mencionou inclusive ter sido ofendido com palavrões.

O que mais me impressiona é que o tempo passa e nada muda. De 1995 a 1998, vivemos uma convivência infernal com a Federação, a ponto do Flamengo ter abandonado um campeonato, se não me falha a memória o de 1997. O pior é que naquela época a briga não era só com a Federação. A SUDERJ, em medida de força ditatorial, resolveu fechar a geral do Maracanã, fato que, tecnicamente, foi por demais prejudicial ao Flamengo. E assim foi durante quatro anos…

O curioso neste depoimento do presidente Eduardo Bandeira de Mello foi revelar uma faceta inédita com relação ao fato de, até aqui, por longa convivência, ter ficado registrado para mim que Rubens Lopes é uma pessoa educada. Como de uma hora para outra alguém muda radicalmente uma postura de vida? Tudo bem que o futebol é apaixonante e polêmico, e aí, muitas vezes alguém sai do seu normal. Acontece que, em outras oportunidades, com o próprio Rubens Lopes, tive desentendimentos conceituais que jamais fizeram o presidente da Federação se tornar agressivo. Realmente é intrigante. O que teria levado Rubens Lopes, de postura fina, bem educado, a atropelar verbalmente, e com fúria, o presidente do Flamengo? 

Se o primeiro ponto do papo é a curiosidade, o segundo é a decepção. Já disse aqui neste blog que lamento ter tido uma postura agressiva no combate ao ex-presidente Eduardo Vianna. Sem se discutir a causa, o que interessa é que para o Flamengo não foi bom. Dei uma de Don Quixote e não valeu a pena. Fico espantado como os erros de um passado recente possam ser repetidos. Se errei de 1995 a 1998, acertei de 2006 a 2009, onde com o mesmo Rubens Lopes na presidência, conquistamos três, dos quatro campeonatos disputados e, não tenho nenhuma dúvida de que a boa relação entre Flamengo e Federação foi responsável por um pedaço do bolo que saboreamos três vezes consecutivas, em 2007, 2008 e 2009.

Brigar, pra que?