André Durão

Resumo da ópera

1 – Li, não lembro se no O Globo de sábado ou domingo, uma boa matéria com Renato Gaúcho. Em um determinado momento, sobre assunto específico, encontrei alguém que pensa, exatamente, como eu.
Renato Gaúcho afirma que gosta do trabalho de Fernando Diniz, porém, não concorda com os riscos exagerados que o treinador obriga sua equipe a assumir. Renato diz na matéria que há momentos em que a bola tem que ser rifada e que, no Fluminense, nem o goleiro faz isso.
Além de concordar em tudo, acrescento: o ser humano é falível por natureza. Por isso, gênios da bola perdem pênalti e erram passe. Indo mais fundo, uma coisa é errar na intermediária, outra coisa dentro da pequena área, onde algumas vezes, no Fla-Flu de sábado, os jogadores do Flamengo pressionaram, provocando o erro do adversário e, em consequência, apareceram chances claras de gol.
Flamengo, Palmeiras e o próprio Grêmio de Renato Gaúcho, adotam esquema parecido, valorizando a posse de bola, só que de maneira bem mais responsável.

2 – A pergunta que mais bate por aqui é a seguinte: “Que time o Portuga triste vai escalar nesta quarta-feira?”
Acho que estamos diante de uma excepcionalidade. O importante neste jogo é detectar quem esteja sofrendo menos os efeitos da altitude e, em função disso, escalar o time.
De certa forma, após algumas escalações estapafúrdias e substituições discutíveis, Vitor Pereira terá a altitude como escudo para brecar as discussões.

3 – Volta e meia, pela genialidade e simplicidade em ver o futebol, João Saldanha é citado. Na atual e esquisita Seleção Brasileira – e um pouquinho no Flamengo – João tem que ser lembrado.
Segundo dizia e, com sabedoria, não existe amanhã no futebol. Não se forma um time ou uma seleção na expectativa de que no futuro jovens promissores resolvam o “hoje”.
João não se cansava de afirmar que futebol é momento. Partindo desta premissa, esta Seleção Brasileira não pode dar certo, pois o erro é flagrante na largada, ou seja, na filosofia da convocação.
No Flamengo, nada tão exagerado, mas algo digno de registro. Em abril de 2023, Everton Ribeiro no banco e Matheus Franca jogando, jamais teria o aval do João sem medo…

4 – Por falar em futuro e em renovação, o “panorama visto da ponte” não é animador.
E, muito em função disso, verifica-se no futebol brasileiro um nivelamento poucas vezes visto. Por pouco uma final gaúcha sem os dois grandes, o mineiro sem o Cruzeiro, o carioca sem o Botafogo e o paulista, quem diria, sem três grandes clubes na fase semifinal, além do papão Palmeiras perder o primeiro jogo da final para o modesto Água Santa…

5 – Passando por cima deste primeiro jogo pela Libertadores, onde a altitude absolve, Vitor Pereira deveria começar a entender que a escalação de um time não passa pelo gosto do treinador, e sim, pelo material humano disponível. Com a qualidade que temos do meio para frente, jogar com três zagueiros contraria qualquer princípio básico de bom senso futebolístico.

6 – Gabigol teve que deixar a função de jogador e assumir a de comentarista para que entendam que ele não é um armador, como vinha jogando. Gabigol é atacante, centroavante que não é raiz, mas que além de pôr a bola para dentro, tem outras virtudes. Comentou ele que prefere disputar a posição com Pedro, do que jogar fora de sua característica.
Aqui, no nosso caso, o 10 não casa com o 9.
Pessoalmente, acho que circunstancialmente, dependendo do desenrolar de um jogo, Gabigol e Pedro possam jogar juntos. Não para começar. Não foram feitos um para o outro, embora os dois sejam muito bons.

Para encerrar: não há como uma equipe não ter, pelo menos, um jogador que tenha velocidade. Como Cebolinha não jogar?