Trato comigo mesmo

Depois de passar por experiências marcantes no Flamengo, quatro anos como presidente, e quase cinco anos como vice-presidente de futebol, por favor, espero que todos entendam que a minha cabeça não funciona como funcionava antes, quando torcedor era. Agora, os ímpetos têm “elevador”, ou seja, ao invés de, como antigamente, quando o sentimento ia do coração, direto para a boca, depois de estar em uma outra situação, aprendi que do coração, obrigatoriamente, o impulso deve pegar o elevador direto à cabeça e, após lá ficar um pouco, aí sim, boca à fora…

Ontem, após o jogo, na condição de torcedor, jamais o título da mensagem seria, como foi, TENTANDO MANTER A CALMA. Cuspindo marimbondo, como qualquer rubro-negro estava, não haveria paciência para ninguém e, lógico, deixaria fluir tudo que penso a respeito do que está acontecendo no futebol do Flamengo, só que a experiência acumulada durante tanto tempo, somada à responsabilidade de ser um ex-presidente, indica que a hora não é essa, embora esteja muito próxima. Não vou aqui criticar política, filosofia, tática, treinador, jogadores, até que cheguemos aos 46 pontos. A partir daí, passarei a ter o direito de colocar tudo, “inclusive tudo”, sem a necessidade do elevador que, como todo elevador, é claustrofóbico, agoniante, mas necessário…

A chegada aos 46 pontos será a garantia de que o risco de rebaixamento será zero. Faltam 10 jogos, em que, dos trinta pontos que serão disputados, precisamos ganhar cinco, isto é, uma vitória e dois empates, ou duas vitórias (para chegarmos aos 47). Pode ser que algum otimista possa estar me imaginando pessimista, pois apenas quatro pontos separam o Flamengo do quarto colocado, que é o Palmeiras com 45 pontos. E, este pensamento terá, matematicamente, total sentido. Talvez a decepção destas três derrotas consecutivas esteja me fazendo ver as coisas com ares pessimistas. Pode ser…

De qualquer forma, já tenho uma definição pra lá do que clara na minha cabeça, com relação ao nosso elenco e, ao nosso comando, dentro e fora do campo. Breve, muito breve, vou poder mergulhar de cabeça neste tema, sem qualquer tipo de constrangimento, como acontece neste exato momento, quando me sinto refém da responsabilidade.